Crédito: Infomoney
Depois de adiar por duas vezes, finalmente o governo Temer anunciou a revisão da meta fiscal para 2017 e 2018. É o retrato da incompetência: a arrecadação do governo foi abaixo do esperado. Vai haver alteração nos déficits que eram de R$ 139 bilhões, para 2017, e R$ 129 bilhões, para 2018, para R$ 159 bilhões em ambos.
Ao mesmo tempo, o governo anunciou uma série de ataques ao funcionalismo público federal. Praticamente congelou os salários até 2019, aumentou alíquotas da Previdência de servidores e vai eliminar 60 mil vagas que estão em aberto. O objetivo alegado é “economizar” R$ 7,9 bi, o que vai aprofundar o desmonte do Estado.
A reação das entidades representativas dos trabalhadores ao anúncio do rombo e das medidas foi imediata. A CUT classificou o pacote como parte de uma “política econômica desastrosa”, afirmando que o rombo é uma demonstração de “má-fé e incompetência”.
É a mesma opinião do professor do Instituto de Economia da Unicamp Fernando Nogueira da Costa. “Estamos na maior depressão da história econômica, maior do que a dos anos 30 do século 20. E, num cenário como esse, o investimento público tem que substituir o privado, porque o investimento privado é feito com base em expectativas do mercado. E numa depressão, as expectativas são muito negativas e pessimistas”, constatou, em entrevista recente à Rede Brasil Atual.
Ele acrescenta que “a política fracassou e o governo não tem legitimidade politica. Foi feito um golpe parlamentarista num regime presidencialista, mas o governo atual mostrou que não tem competência, como ficou claro para a população. Adotou uma política econômica equivocada. Priorizou o combate à inflação para atender sua base política com uma overdose de juros elevados, provocando a grande depressão”.
O resultado é que o país está num círculo vicioso, com os juros reais aumentando e a renda da população caindo. Como não há consumo e o crédito está caro, o ritmo da inflação vai para baixo, assim como a arrecadação fiscal. Para “corrigir”, cortam-se gastos e investimentos, o que agrava a queda do PIB e aumenta a depressão. “É um parafuso em espiral negativa sem fim”, afirma Nogueira.
Salário mínimo é revisado para baixo
Com a revisão das projeções econômicas para 2018, o governo anunciou também que vai reduzir o salário mínimo para o próximo ano. O valor de R$ 979 que consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) passará para R$ 969 durante a elaboração do orçamento.
Com a decisão de conceder reajuste R$ 10 menor ao mínimo no próximo ano, o governo deixará de fazer circular cerca de R$ 3 bilhões na economia em 2018, sem contar que a medida atinge em cheio a parcela dos brasileiros mais pobres.
Números oficiais mostram que o benefício de cerca de 70% dos aposentados equivale ao salário mínimo. A correção do mínimo também impacta benefícios como o seguro-desemprego e o abono salarial.
O valor do salário mínimo proposto para o próximo ano ainda está distante do valor considerado como necessário, segundo cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Segundo o órgão, para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o mínimo deveria ser de R$ R$ 3.810,36, valor para o mês de julho deste ano.
Da Redação com informações da CUT e da Rede Brasil Atual