Em ofício encaminhado nesta quinta-feira (17), o Sindicato cobrou do Santander o fim imediato da prática abusiva que obriga gerentes de empresas a realizarem cobranças presenciais diretamente nos endereços de clientes inadimplentes.
Segundo o documento, a orientação do banco, ainda que não oficializada, tem imposto aos trabalhadores atribuições que não fazem parte de suas funções, caracterizando evidente desvio de função. Além disso, a prática configura constrangimento ilegal, ao forçar os empregados a abordarem clientes inadimplentes em seus locais de residência ou trabalho.
“O trabalhador não pode ser submetido a esse tipo de situação, que fere o Código de Defesa do Consumidor, ao expor o cliente a ameaças, coação ou interferência em sua rotina, como trabalho, descanso ou lazer”, destaca o Sindicato no ofício. A entidade também alerta para o risco à integridade física e psicológica dos gerentes, que podem enfrentar reações agressivas ou constrangedoras por parte dos clientes abordados.
Diante da gravidade dos fatos, o Sindicato exige a cessação imediata da prática por parte do Santander, sob pena de adoção de medidas judiciais cabíveis e de acionar órgãos competentes, como o Ministério Público do Trabalho.
A diretora do Sindicato Eliza Espindola ressalta que esse tipo de exposição dos trabalhadores teve início com a implementação do projeto Multicanalidade. “Desde que o banco colocou em prática esse projeto, os gerentes passaram a ser deslocados para atividades externas, ficando vulneráveis e com suas funções descaracterizadas”, denuncia.
“Sem contar que essa exposição atinge também o cliente, que pode ser surpreendido logo cedo com uma visita de cobrança em casa, o que é invasivo e constrangedor. E quando o banco retira os bancários de dentro das agências, fere também o direito do cliente de ser atendido presencialmente. Essa mudança foi ruim para todo mundo: para o bancário, para o cliente, para todos”, critica Eliza.
Essa não é a primeira vez que o Sindicato denuncia atitudes do banco que precarizam as condições de trabalho dos gerentes. Além de retirar os bancários de dentro das agências para exercerem funções externas, o Santander tentou, recentemente, dispensá-los da obrigatoriedade de bater o ponto – o que comprometeria o controle da jornada de trabalho e a proteção dos direitos trabalhistas.
Confira abaixo a íntegra do ofício:
Da Redação