O projeto Teia, implementado pela Caixa Econômica Federal com o discurso de modernização e reorganização do ambiente de trabalho, segue levantando uma série de questionamentos por parte dos sindicatos e dos empregados e empregadas do banco. Embora apresentado como uma iniciativa inovadora, baseada em tecnologia e novos modelos de gestão, o projeto tem gerado preocupações quanto aos seus reais objetivos e impactos sobre o quadro de pessoal e o papel social da instituição.
Na essência, o projeto Teia promete “otimizar processos”, “melhorar a produtividade” e “potencializar o trabalho em rede”, termos que soam bem em discursos corporativos, mas que, na prática, podem significar redução do quadro de funcionários e precarização das condições de trabalho. O receio, no entanto, é de que sirva de justificativa para enxugar ainda mais a força de trabalho da Caixa, que já opera com um déficit considerável de empregados, e prepare terreno para a privatização.
O Sindicato não é contra o Teia como conceito, nem contra o avanço tecnológico ou a transformação digital. O que se critica é a forma como esse processo está sendo conduzido: sem diálogo amplo com os trabalhadores e com impactos diretos sobre a remuneração, a saúde laboral e o próprio papel social da Caixa.
“Queremos saber: o Teia vai, de fato, melhorar as condições de trabalho, o atendimento à população e a qualidade do serviço público, ou será mais um capítulo da lógica neoliberal de enxugamento e sucateamento do patrimônio público para justificar sua venda?”, questiona Rafaella Gomes, diretora da Federação dos Bancários do Centro Norte (Fetec-CUT/CN).
“Infelizmente, há uma mentalidade, vinda da atual diretoria da empresa – vinculada ao Centrão – e que acabou sendo absorvida pelas áreas técnicas, especialmente as de TI e inovação, de que o desenvolvimento de novos processos vai inevitavelmente levar à redução da necessidade de empregados na rede”, acrescenta Rafaella. “O mais preocupante é que muitos trabalhadores também já compraram esse discurso”.
Privatização a caminho?
A Caixa sempre esteve na mira de projetos de privatização, e sua atual gestão reforça a preocupação de que medidas como o Teia façam parte de um processo maior de desmonte. Por trás da retórica de eficiência e modernidade, o que se vê são decisões que favorecem a lógica do mercado, em detrimento do papel social que a Caixa sempre cumpriu.
Nesse cenário, a defesa de uma Caixa 100% pública e a serviço do povo brasileiro torna-se ainda mais urgente. A instituição é responsável por políticas públicas fundamentais, como o pagamento de benefícios sociais, financiamento habitacional e o acesso ao crédito para pequenos empreendedores. Para continuar cumprindo essa missão, a Caixa precisa de mais funcionários, não menos.
A propósito, o último concurso público realizado, apesar de necessário, foi subdimensionado pelo banco. As vagas oferecidas ficaram muito aquém da real demanda da empresa, o que reforça a percepção de que o enxugamento de pessoal está sendo conduzido de forma planejada, priorizando o lucro em detrimento da qualidade do serviço.
“A sociedade precisa estar atenta: defender a Caixa é defender um banco comprometido com o desenvolvimento do Brasil e com o atendimento das necessidades da população, especialmente a mais vulnerável. A modernização é bem-vinda, mas não pode ser usada como cortina de fumaça para um projeto de desmonte”, destaca Maria Gaia, diretora da Fetec-CUT.
Da Redação