Nota de solidariedade ao Sindicato dos Bancários do Espírito Santo

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O Sindicato dos Bancários de Brasília vem a público manifestar seu repúdio à censura sofrida pelo Sindicato dos Bancários do Espírito Santo.

No momento em que a categoria se mobiliza em sua campanha salarial para a renovação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), o Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes) promove ação para calar seus funcionários e funcionárias. A partir de uma ação judicial movida pelo banco, a 5ª Vara Cível de Vitória decidiu liminarmente suspender a veiculação da campanha do Sindicato dos Bancários do ES na TV, nas rádios e em sites de notícias.

No vídeo censurado a pedido do Banestes, uma atriz dramatiza um caso real de adoecimento mental de uma funcionária do Banestes vítima de assédio. O vídeo de um minuto de duração tem a participação de outra atriz, que apresenta dados da pesquisa sobre adoecimento mental realizada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) com bancários da base capixaba.

É amplamente conhecido que a cobrança de metas no setor bancário extrapola qualquer limite de razoabilidade. Junto com esta postura abusiva, somam-se os casos de assédio moral e psíquico, que causam adoecimento em massa de trabalhadoras e trabalhadores do setor.

Além de censurar uma das principais demandas da categoria – o cuidado com a saúde mental de bancários e bancárias –, a decisão ataca frontalmente o artigo 220 da Constituição Federal, que garante a liberdade de manifestação do pensamento, de criação, de expressão e de informação.

A campanha é baseada em estudo da Universidade Federal do Espírito Santo que tem como objetivo demonstrar a relação entre o ambiente de trabalho e o aumento de doenças psicossociais.

Sobre o ACT, o Banestes alegou em sua ação que o sindicato teria apresentado “proposta de reajuste absurda e em dissonância com a realidade econômica nacional”. A direção do banco se esquece das perdas históricas dos banestianos, que somente entre os anos de 1995 e 2008 chegaram a 46,89%. Enquanto isso, o banco público aumentou seu lucro em mais de 231% entre 2019 e 2023 (de R$ 112 milhões para R$ 371 milhões). Aumento que só foi conseguido às custas do trabalho das banestianas e dos banestianos.

Assim, reiteramos nosso repúdio ao diretor-presidente do banco, Amarildo Casagrande, e ao governador Renato Casagrande, que compactua com uma postura covarde, censora e classista. Em um momento onde resta claro que a devolução do poder de compra às trabalhadoras e aos trabalhadores é a medida mais importante para a volta do crescimento da economia real do país, é no mínimo absurdo que um banco estatal se comporte como os piores exemplos do setor privado.

Brasília, 27 de agosto de 2024.

Sindicato dos Bancários de Brasília