Lucro do Banco do Brasil cai 22,9% no 1º trimestre de 2025

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O Banco do Brasil registrou lucro líquido de R$ 6,77 bilhões no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 22,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o lucro foi de R$ 8,78 bilhões. O resultado reflete um cenário de maior cautela do banco diante do aumento nas provisões para inadimplência e das variações cambiais, apesar do bom desempenho em áreas como financiamentos e receitas de serviços.

A principal fonte de receita do banco, a carteira de crédito, totalizou R$ 43,3 bilhões em receitas no trimestre, uma alta de 13,7% em comparação ao ano passado. Financiamentos gerais cresceram 41,2%, financiamentos rurais subiram 7%, e os financiamentos imobiliários avançaram 17,5%. Também houve crescimento expressivo na equalização de taxas agrícolas (alta de 76,4%).

Apesar disso, o lucro foi pressionado por diversos fatores. As receitas com operações financeiras, que envolvem títulos, câmbio e aplicações, caíram 6,3% no total, e o resultado das aplicações interfinanceiras de liquidez despencou 40,9%. Além disso, o banco teve prejuízo de R$ 1,2 bilhão com instrumentos financeiros derivativos, que são ativos financeiros como ações, commodities (como petróleo ou café), taxas de juros, taxas de câmbio, ou até mesmo índices. De forma resumida, os derivativos são utilizados para diversos fins, como proteção contra riscos (hedge – proteção contra variações cambiais), especulação ou alavancagem.

Outro impacto importante foi o aumento de 13,2% nas provisões para perdas com clientes inadimplentes, totalizando R$ 11,49 bilhões. A mudança se deve, em parte, à nova norma do Conselho Monetário Nacional, que exige maior rigor na contabilização do risco de crédito.

Mesmo assim, o banco conseguiu compensar parte das perdas com um ganho de R$ 3,27 bilhões gerado por operações de hedge permitidas pela nova regulamentação contábil vigente desde janeiro.

Quando o assunto são as receitas com serviços, o banco manteve estabilidade, com alta de 0,2%, somando R$ 8,36 bilhões. Houve crescimento nas receitas com administração de fundos (+14,8%), consórcios (+18,5%) e empresas no exterior (+53,7%). Por outro lado, caíram as receitas de operações de crédito (-78,3%) e de conta corrente (-5,1%).

As despesas administrativas cresceram 4,5% em um ano, atingindo R$ 3,63 bilhões, puxadas pelos gastos com tecnologia, segurança e manutenção. Já os custos com pessoal somaram R$ 6,32 bilhões, alta de 7,5%, e as provisões com processos judiciais e fiscais chegaram a R$ 2,83 bilhões.

Com todos esses fatores, o resultado operacional do banco caiu 29,7% no trimestre, totalizando R$ 7,78 bilhões. Ainda assim, segundo a análise do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o Banco do Brasil se mantém sólido, com carteira de crédito forte, receitas diversificadas e capacidade de adaptação às novas regras do setor financeiro.

Stéffany Santos
Colaboração para o Sindicato