Lucro bilionário do Itaú escancara contradição entre resultado financeiro e precarização do trabalho

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O Itaú Unibanco encerrou o primeiro semestre de 2025 com um lucro líquido gerencial de R$ 22,6 bilhões, alta de 14,1% em relação ao mesmo período de 2024. Os números, divulgados em análise do Dieese sobre as demonstrações financeiras do segundo trimestre, confirmam a força da instituição no sistema financeiro nacional. O banco registrou um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 23,9% e um índice de eficiência de 38,4%. No entanto, por trás dos indicadores que agradam aos acionistas, está uma realidade de cortes, demissões e fechamento de agências, que penalizam trabalhadores e a população.

“Mesmo com lucros recordes ano a ano, o Itaú vem fechando agências, demitindo funcionários e adoecendo os que ficam”, denuncia Washington Henrique, diretor da Federação Centro-Norte (Fetec-CUT/CN).

Entre junho de 2024 e junho de 2025, o banco reduziu em 518 o número de postos de trabalho no Brasil. Só no segundo trimestre, foram 504 cortes. No mesmo período, 223 agências foram fechadas. A digitalização e a busca incessante pela maximização de lucros são usadas como justificativa para o enxugamento, mas os impactos recaem sobre trabalhadores e clientes, especialmente em regiões periféricas e para públicos com menor acesso à internet.

A expansão da carteira de crédito (alta de 7,3% em 12 meses, totalizando R$ 1,389 trilhão), a queda da inadimplência (1,9%) e a redução nas provisões para créditos de liquidação duvidosa (-8,7%) indicam estabilidade financeira. Ainda assim, o banco promove uma política de cortes de custos baseada em demissões.

Enquanto a receita com tarifas bancárias caiu 3%, as despesas com pessoal (incluindo PLR) subiram 10,4%, reduzindo a cobertura dessas despesas de 163,4% para 143,6% em um ano.

O Sindicato reforça que o banco encolhe sua estrutura e demite para aumentar a margem de lucro, enquanto trabalhadores e clientes sofrem. Em meio a lucros bilionários, centenas de famílias são atingidas pelas demissões, e milhares de clientes perdem atendimento presencial.

Os ganhos financeiros não podem ignorar a responsabilidade social, reforça o Sindicato. É inaceitável que, com tanto lucro, o Itaú continue fechando agências, sobrecarregando funcionários e precarizando o atendimento ao público.

A entidade cobra a reabertura de agências e a reversão das demissões, além de novas contratações. Não basta ao Itaú apresentar bons resultados aos acionistas. É preciso responder à sociedade que sustenta esses lucros.

Victor Queiroz
Colaboração para o Seeb Brasília