Lula quer diagnóstico da Fazenda e medidas para reduzir custos
O presidente Lula (PT) estaria insatisfeito com os juros praticados nas operações de crédito consignado voltadas ao setor privado, especialmente na nova modalidade de consignado para trabalhadores com carteira assinada, lançada pelo governo em março com a promessa de baratear o financiamento. As informações são de reportagem da Folha de S.Paulo.
Em reunião com ministros e chefes de bancos públicos na semana passada, Lula solicitou ao Ministério da Fazenda um diagnóstico detalhado e medidas para reduzir as taxas.
Segundo dados do Banco Central, a taxa média do consignado privado em maio foi de 55,6% ao ano — uma leve queda em relação ao recorde de 59,1% em abril, mas ainda muito acima das médias observadas em outras modalidades: 24,8% para servidores públicos e 24,3% para beneficiários do INSS.
Apesar da criação recente da linha e do seu estágio de amadurecimento, membros do governo consideram que os juros já deveriam estar mais baixos, considerando o potencial da ferramenta. O crédito consignado privado acumula R$ 19 bilhões em concessões para cerca de 3 milhões de trabalhadores desde o lançamento. Mesmo assim, muitos recursos ainda não foram ativados plenamente pelas instituições financeiras.
Fixar teto para o novo consignado volta ao debate
A discussão sobre fixar um teto de juros para essa modalidade voltou ao debate interno do governo. Embora uma ala defenda o controle das taxas como ocorre com aposentados e servidores, a maioria da equipe econômica considera a medida precipitada e teme que um teto possa restringir a oferta, sobretudo para trabalhadores de baixa renda — grupo prioritário da política.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) reforça esse argumento. Em nota, alertou que um teto pode excluir justamente os negativados e os que apresentam maior risco de inadimplência, inviabilizando o acesso ao crédito para esse público.
A entidade argumenta que, com a implementação completa da nova linha, maior familiaridade do público e estímulo à portabilidade, as taxas devem cair de forma natural.
Bancos públicos
Do lado do governo, a solução mais viável no curto prazo seria a atuação dos bancos públicos, reduzindo suas próprias taxas como forma de pressionar o mercado. Outra frente seria insistir em ações que diminuam o chamado “spread bancário”, a diferença entre o custo de captação dos bancos e o valor final cobrado nos empréstimos.
A expectativa é que, dentro de um mês, o Ministério da Fazenda apresente propostas concretas, a partir de um grupo de trabalho voltado especificamente para baratear o custo do crédito consignado.
A criação do consignado privado, batizado de “crédito do trabalhador”, é uma das principais apostas econômicas do governo em 2025. A modalidade permite o desconto em folha de pagamento sem necessidade de convênio entre empresa e banco. O objetivo é ampliar o acesso a crédito mais barato para trabalhadores formais — sobretudo os que hoje enfrentam condições restritivas no sistema financeiro. Internamente, no entanto, há um reconhecimento de que os resultados ainda estão abaixo do esperado.
Fonte: ICL Notícias