Reunidos em assembleia na manhã desta sexta-feira (4), os trabalhadores do ramo financeiro do Distrito Federal aprovaram, por unanimidade, a proposta da Fenacrefi, entidade patronal das financeiras, para a Convenção Coletiva dos Financiários 2011/2012. O texto final, negociado entre a Contraf-CUT e a federação depois de várias rodadas, prevê reajuste de 11% no piso, com ganho real de 4,28%, e de 8% nas demais verbas (ganho real de 1,47%), acompanhando a lógica dos aumentos salariais conquistados pelos bancários. A inflação acumulada até 1º de julho, data-base dos financiários, foi de 6,44% segundo o INPC, enquanto o índice na data-base dos bancários foi de 7,40%.
Em relação à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), foi aplicado o percentual de 14,5% sobre a parcela fixa, que passou a R$ 1.600. Além disso, o adiantamento passou de 50% para 60% desse valor.
A proposta inclui a incorporação à convenção dos financiários da cláusula relativa à prevenção de conflitos no ambiente de trabalho conquistada pelos bancários em 2010, que visa combater os casos de assédio moral.
PLR
A proposta da Fenacrefi segue a mesma lógica da apresentada pela Fenaban e aceita pelos bancários, ao garantir aumento real de 1,47% nos salários e valorização de 4,29% no piso da categoria.
A exceção é a regra da PLR, que mantém seu formato, apesar da reivindicação dos trabalhadores de alterar substancialmente sua formulação. A Fenacrefi alegou falta de dados dos balanços das financeiras para não realizar o debate, mas concordou com a retomada das negociações na segunda quinzena de março de 2012 para a construção de um novo modelo de PLR para os financiários.
Pisos |
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Funções |
Valor Atual |
Valor após a Proposta |
Portaria |
854,88 |
948,92 |
Escritório |
1.234,43 |
1.370,22 |
Tesoureiros, Caixas e outros empregados de Tesouraria |
1.303,61 |
1.447,01 |
Outras Verbas |
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Principais Itens |
Valor Atual |
Valor após a Proposta |
Auxílio Refeição |
18,87 |
20,37 |
Auxílio Cesta Alimentação |
297,65 |
321,46 |
13ª Cesta Alimentação |
297,65 |
321,46 |
Auxílio Creche/Babá |
220,54 |
232,18 |
Adicional por Tempo de Serviço |
18,23 |
19,68 |
Itens que continuarão a ser reivindicados pelo Sindicato e pela Contraf-CUT
Abono assiduidade
De acordo com a proposta, sugerida pelo Sindicato e pela Contraf-CUT, os empregados terão direito a cinco ausências abonadas em qualquer dia da semana, independentemente do motivo a que se destinam. Para efeito da concessão de ausência remunerada, as faltas serão contadas por dia útil. As ausências não utilizadas em um ano serão transferidas e adicionadas às dos anos anteriores.
Fim das metas abusivas
Outro item importante de reivindicação é o que prevê o fim das metas abusivas. Ele estabelece que as financeiras devem garantir a participação de todos os seus trabalhadores na estipulação de metas e respectivos mecanismos de aferição, estabelecendo-se que as mesmas serão obrigatoriamente de caráter coletivo e definidas por departamentos/agências.
A estipulação de metas deve levar em consideração o porte da unidade (departamento/agência), a região de localização, o número de empregados, a carteira de clientes, o perfil econômico do local, a abordagem e o tempo de execução das tarefas.
Terceirização
Outra reivindicação importante diz respeito à terceirização. A proposta dos trabalhadores estabelece que as financeiras suspenderão a implantação de quaisquer projetos de terceirização.
Correspondentes
O movimento sindical defende que sejam realizadas negociações com seriedade por parte dos sindicatos patronais para que possamos resolver as demandas do conjunto de trabalhadores do ramo financeiro. “Não queremos o fim dos correspondentes. Queremos impor limites na contração desses profissionais, que, geralmente, desempenham as mesmas funções dos financiários e bancários, e, no entanto, recebem um salário inferior e sem os mesmos direitos dessas categorias”, observa o presidente do Sindicato, Rodrigo Britto.
Abrangência e extensão
O movimento sindical cobra que o acordo aprovado seja estendido a todos os trabalhadores das empresas que atuam na concessão de crédito, financiamento e investimento e diretamente nas seguintes etapas: captação de recursos, prospecção de clientes, análise de crédito e cadastro, gestão de recursos, concessão de crédito e administração dos dados cadastrais e contábeis.
Unificação das datas-bases
O Sindicato e a Contraf-CUT também reivindicam a unificação da data-base dos trabalhadores do ramo financeiro. “Intensificaremos nossos esforços para que a unificação das datas-bases seja uma realidade próxima dos financiários. Unidos, somos mais fortes para lutarmos”, afirma Rodrigo Britto.
“Levando em consideração os avanços conquistados e com a leitura de que o processo de negociações chegou a seu limite na mesa, o acordo é positivo para os financiários”, acrescenta a diretora do Sindicato Talita Régia, funcionária da Cooperforte.
A assinatura da Convenção Coletiva de Trabalho está prevista para ocorrer no dia 11 de novembro em razão do fechamento das folhas de pagamento.
Rodrigo Couto
Do Seeb Brasília