O Sindicato se reuniu na última sexta-feira (25) com as diretorias da Ditec (Tecnologia), Dipes (Pessoal) e Controladoria do Banco do Brasil para tratar das demandas constantes do ofício encaminhado pela entidade no dia 10 em que cobra esclarecimentos acerca das irregularidades trabalhistas da empresa terceirizada Oriente e sobre a consultoria que vem sendo prestada pela Falconi Consultores de Resultados.
No caso da Oriente, o Sindicato recebeu denúncias de atrasos consideráveis no pagamento do vale alimentação e do vale transporte dos trabalhadores, que também receberam o crédito das férias em atraso e não dispõem sequer de sala para trocar de roupa. Em resposta, a Dipes informou que entrou em contato com os órgãos responsáveis pela administração do contrato e que a situação esta regularizada.
“O Sindicato está de olho e vai fiscalizar, após o quinto dia útil, se a empresa de fato cumpriu o acordo”, afirma a diretora da Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito do Centro Norte (Fetec-CUT/CN) Rejane Ferreira, encarregada de fazer a fiscalização.
A presença da Falconi no BB foi outro assunto tratado na reunião. Segundo o Sindicato apurou, a empresa está prestando serviços de consultoria ao banco há mais de um ano, fazendo um mapeamento de diversas diretorias para tratar, segundo o BB, de índices de “eficiência operacional”, o que na prática significa corte de custos.
No momento, o alvo é a Ditec. Como resultado da consultoria, há o temor de extinção de funções, abrindo espaço para a substituição de funcionários concursados por trabalhadores de empresas terceirizadas.
O prazo para o término dos levantamentos expira em setembro, e o Sindicato solicitou, já na reunião da sexta-feira, acesso aos resultados, ao mesmo tempo que cobrou que nenhuma decisão seja tomada antes de ter conhecimento do que foi feito pela empresa.
É possível que a Falconi esteja à frente do processo de reestruturação pelo qual diversos setores do BB vêm passando, o que tem resultado em enxugamento do quadro de funcionários e fechamento de unidades. Entre os membros do seu Conselho de Administração está Pedro Moreira Salles, à época da contratação presidente do Conselho de Administração da holding Itaú Unibanco, atualmente presidente do Conselho Diretor da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban).
Para o Sindicato, a situação configura no mínimo conflito de interesses, já que o desmonte da rede de agências, com extinção de milhares de postos de trabalho, abriu espaço para os bancos privados, entre eles o próprio Itaú. A primeira fase da reestruturação resultou no fechamento de 402 agências, extinção de 9.400 postos de trabalho e redução salarial drástica que atingiu quase 4 mil funcionários.
Renato Alves
Do Seeb Brasília