O Sindicato realizou na tarde desta segunda-feira (7) um grande ato em frente à Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) contra a compra do Banco Master pelo BRB. A manifestação, marcada por faixas com dizeres como “O BRB não é uma casa de apostas” e “Master é o novo Tigrinho do BRB”, teve como objetivo denunciar a negociata bilionária que, como reforçou a entidade, coloca em risco o papel social do BRB, os direitos dos trabalhadores e o próprio patrimônio público do DF.
O protesto aconteceu no mesmo dia da reunião, a portas fechadas, entre o presidente do banco, Paulo Henrique, e deputados distritais para tratar do assunto.
Durante o ato, o Sindicato distribuiu moedas de chocolate de R$ 1 em alusão satírica à proposta simbólica feita pelo BTG Pactual pela compra do Master, contrastando com os absurdos R$ 2 bilhões que o BRB está oferecendo por apenas uma parte do banco. A ação expôs a tentativa de usar dinheiro público para salvar uma instituição privada que, segundo análises do mercado, está prestes a quebrar.
Do lado de dentro da CLDF, dirigentes do Sindicato circularam pelos gabinetes parlamentares entregando o jornal da entidade com informações críticas à operação. O objetivo era pressionar os deputados a questionarem Paulo Henrique durante a reunião.
No carro de som, o diretor do Sindicato Cristiano Severo denunciou que Paulo Henrique tem atuado para atender interesses privados, políticos e do governador Ibaneis Rocha. Segundo ele, a direção do banco tem fatiado o BRB, ignorando seu papel de fomentar o desenvolvimento econômico e social do DF, para colocá-lo a serviço dos “amigos do rei”. Ele classificou a operação como uma negociata, lembrando que o Banco Master já é considerado frágil pelo mercado e que a compra é, na prática, uma tentativa de salvá-lo com recursos públicos.
Ivan Amarante, também diretor do Sindicato, questionou por que o BRB não está investindo em desenvolvimento social e no fortalecimento de sua estrutura em vez de adquirir um banco privado em dificuldades. Ele também alertou que a compra ameaça direitos dos trabalhadores e criticou o valor da transação, chamando atenção para a inabilitação de Paulo Henrique pelo Banco Central. Ivan cobrou dos deputados que defendam o BRB como patrimônio do povo do DF.
O deputado distrital Gabriel Magno (PT) participou do ato, ressaltando a sua importância e afirmando que está acompanhando a operação com preocupação. Ele defende que o processo precisa ser transparente e passar pelo crivo da CLDF, pois não há qualquer garantia de retorno para a população do DF.
O diretor Ronaldo Lustosa destacou que essa operação mexe com a própria estrutura do sistema financeiro. Segundo ele, “os riscos envolvendo o Master vêm sendo noticiados há tempos pela imprensa, assim como o estilo de vida luxuoso de seu dono, Daniel Vorcaro, e sua proximidade com figurões da política”. Ronaldo criticou duramente o valor de R$ 2 bilhões pagos pelo BRB por uma parte do Master e apontou que o Conselho de Administração do banco aprovou a operação por unanimidade, o que levanta ainda mais suspeitas. “A luta histórica do Sindicato é pela defesa dos bancos públicos”, ressaltou.
O protesto também contou com a presença de candidatos aprovados no último concurso do BRB que ainda aguardam convocação. Um deles afirmou que, se o banco tem R$ 2 bilhões disponíveis para adquirir outro banco, deveria usar parte desses recursos para investir em recursos humanos e garantir que a expansão do BRB seja acompanhada de estrutura adequada. Outro reforçou que o banco não está olhando para o povo, e sim para os interesses do mercado.
O diretor da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) Garcia Rocha fez um paralelo entre a gestão de Ibaneis e a do ex-governador Joaquim Roriz, que também usava o banco para fins eleitoreiros, via caixa dois. “Os patrocínios bancados pelo BRB levantam suspeitas sobre seu uso em campanhas eleitorais, considerando que 2026 será ano de eleição. O banco está sendo instrumentalizado para atender interesses políticos e privados”.
O diretor Ricardo Machado acusou o governador Ibaneis de aplicar “uma política neoliberal, nos moldes do governo FHC, quando foram entregues bilhões ao sistema financeiro”. Ricardo lembrou casos locais de privatização, como o da CEB e do estádio Mané Garrincha, e alertou que o Metrô e a Caesb também estão na mira do governo.
A diretora do Sindicato Samantha Sousa destacou que a entidade foi recebida pelos deputados Gabriel Magno, Chico Vigilante e Ricardo Vale, que têm se posicionado em defesa de um BRB público e forte. Ela reafirmou que o banco não pode ser transformado em um banco de apostas e que o valor de R$ 2 bilhões por uma instituição privada é inaceitável. Para Samantha, o BRB está sendo preparado para a privatização, mas o Sindicato não permitirá o seu fatiamento.
O diretor Antonio Abdan, empregado da Caixa, enfatizou que o BRB, como banco público, deve investir no desenvolvimento do DF, em áreas como saúde, educação e segurança. “No entanto, o banco está colocando dinheiro num banco que cresceu comprando ativos podres e não pela prestação de serviços financeiros”, disse Abdan, questionando quais são os reais interesses do BRB nessa operação.
Encerrando as falas, André Nepomuceno classificou os responsáveis pela operação como “aves de rapina”, que querem se apropriar do patrimônio público. Ele lembrou que o Sindicato vem atuando em várias frentes para barrar a compra e proteger o BRB. “Até mesmo técnicos do próprio banco apontam que a operação não se sustenta, o que reforça a suspeita de que há interesses políticos — e talvez eleitorais — por trás da transação”, frisou Nepomuceno.
Durante o ato, também foram denunciadas as condições de trabalho dos bancários do BRB, marcadas por metas abusivas, assédio moral e adoecimento.
Da Redação