A decisão do Banco Central de autorizar a permanência de Paulo Henrique Costa na presidência do BRB até 2026 representou não apenas um ato de reforço ao atual modelo político de domínio total dos banqueiros e especuladores, mas também um sinal de complacência e subserviência diante de uma gestão marcada por denúncias, falta de transparência e riscos financeiros crescentes.
Conforme noticiado, diversas irregularidades vêm sendo apuradas, desde pressão para aprovar operações duvidosas até a imposição de metas abusivas, o que vem gerando protestos frequentes do Sindicato em frente ao Palácio do Buriti.
Relatórios obtidos via Lei de Acesso à Informação revelam que, entre 2017 e 2025, o BRB recebeu 83 denúncias de assédio moral, a maioria das quais sequer foi investigada com transparência pelo próprio banco. Além disso, o Sindicato vem alertando para supostas irregularidades administrativas — como a concentração excessiva de poderes, multas por descumprimento de prazos e falhas no cumprimento das normas de publicidade — que põem em risco a governança do banco público.
A autorização para a recondução de Paulo Henrique Costa foi comunicada oficialmente em 14 de maio pelo Departamento de Organização do Sistema Financeiro (Deorf) do Banco Central, sediado em Recife. A reversão do indeferimento inicial, emitido em janeiro, ocorreu após o BRB corrigir formalidades no pedido, segundo ofício assinado pelo gerente-técnico Jayme Wanderley da Fonte Neto e pelo coordenador Fernando Antonio de Paiva Regis. Com isso, Paulo Henrique manterá o comando do banco até o fim de seu mandato, previsto para outubro de 2026.
Em 24 de março, o Sindicato dos Bancários de Brasília promoveu um grande ato em defesa do BRB como instituição pública e de qualidade, mas também para exigir a saída de Paulo Henrique, em razão de sua gestão. Os dirigentes sindicais cobraram do governador do DF providências imediatas contra a cultura de medo instalada no banco, além de transparência sobre o termo de compromisso firmado entre o BRB e o Banco Central.
Além disso, funcionários relataram pressão constante para aprovar operações duvidosas, ameaças de descomissionamento e transferência forçada de colegas que ousavam criticar a gestão.
Outras irregularidades apontadas
Falta de transparência: O Sindicato denunciou a ausência de critérios claros para decisões estratégicas, como a compra de 58% do Banco Master por R$ 2 bilhões, ainda em análise pelo BC, sem consulta prévia à CLDF e sem divulgação de estudos de viabilidade, e pelas próprias críticas de outros agentes do sistema financeiro sobre a transação.
Multas e prejuízos financeiros: Em reunião no Tribunal de Contas do DF, o Sindicato e a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) relataram multas milionárias sofridas pelo BRB devido a descumprimento de normas regulatórias, atribuindo responsabilidade direta à atual gestão.
Uso político do banco: Durante os atos, dirigentes sindicais também apontaram que o BRB vem sendo utilizado como instrumento de favorecimento político, com nomeações sem critério técnico para cargos-chave, gastos com publicidade excessivos, além de financiamentos e compras de imóveis pelos poderosos, como o próprio governador Ibaneis.
A manutenção de Paulo Henrique no comando do BRB pelo Banco Central expõe não apenas uma leniência institucional, mas também uma afronta aos trabalhadores e à sociedade do DF, que esperam de um banco público compromisso com a ética, a transparência e o respeito aos seus funcionários.
O Sindicato dos Bancários de Brasília exige do BC e órgãos competentes, análise aprofundada das denúncias de irregularidades administrativas, já apontadas em reuniões no próprio Banco Central. A continuidade de Paulo Henrique Costa na presidência do BRB representará apenas a consolidação de um modelo de gestão autoritário e favorecido pela política, em total descompasso com os interesses dos bancários e da população brasiliense.
Da Redação