Desigualdades persistem nos indicadores econômicos de maio, aponta Dieese

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Enquanto a economia brasileira dá sinais de recuperação, a classe trabalhadora enfrenta um abismo crescente. Os dados divulgados pelo Dieese referentes a maio de 2025 revelam uma distância alarmante entre os números oficiais e as condições reais enfrentadas pela população.

Segundo o levantamento, o salário mínimo necessário para cobrir despesas básicas de uma família de quatro pessoas foi estimado em R$ 7.528,56 – valor quase cinco vezes superior ao mínimo oficial, fixado em R$ 1.518,00 desde janeiro. Esse dado, destacado pelo Dieese, reforça a defasagem histórica entre a remuneração legal e o custo de vida nas capitais brasileiras.

As disparidades regionais também se destacam. O rendimento médio da população ocupada no país alcançou R$ 3.318 no primeiro trimestre de 2025, mas no Distrito Federal esse valor subiu para R$ 5.381. Ainda assim, a taxa de desocupação na capital foi de 9,1%, acima da média nacional de 7,0%, conforme a PNAD Contínua.

No cenário da inflação, o IPCA acumulado em 12 meses (maio de 2024 a maio de 2025) registrou 5,32%, enquanto o INPC, que reflete o impacto sobre famílias de menor renda, ficou em 5,20%. O IGP-M, usado em contratos como aluguéis, apresentou deflação de 0,49% em maio, mas acumula alta de 7,02% no período.

O custo de vida segue pressionando os orçamentos. Em Brasília, a cesta básica foi calculada em R$ 774,33, agravando as dificuldades, especialmente para as camadas mais vulneráveis.

No setor produtivo, os números mostram contrastes. O volume de serviços cresceu 1,8% no país e 8,9% no Distrito Federal em abril, mas a produção industrial recuou 0,3%. A safra agropecuária, por sua vez, sofreu queda de 13,6% em relação a 2024, impactando abastecimento e o meio rural.

Os indicadores retratam um país em movimento, mas ainda marcado por profundas assimetrias econômicas e sociais, conforme alerta o Dieese.

Victor Queiroz
Colaboração para o Sindicato