Ranking de investimentos mostra que poupança ganha de CDBs e fundos DI
O Estado de S.Paulo – Leandro Modé
O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) subiu quase 46% nos primeiros sete meses de 2009, melhor desempenho para esse período em dez anos, segundo a empresa de informações financeiras Economática. Especificamente em julho, o principal termômetro da bolsa brasileira avançou 6,41%, colocando-o novamente no topo do ranking dos investimentos do mês. A bolsa já havia liderado o levantamento em março, abril e maio.
O ranking de julho também confirma outra tendência: a poupança já rende mais que os CDBs e os fundos DI (compostos por títulos públicos pós-fixados) voltados ao pequeno investidor. A caderneta rendeu 0,61% no mês, ante 0,47% dos CDBs e 0,50% dos fundos DI. Os fundos DI e de renda fixa destinados aos maiores investidores (que têm taxa de administração mais baixa) ainda ganham da poupança: ficaram com 0,63% e 0,71%, respectivamente.
"Ou os fundos de varejo se reinventam ou vão desaparecer", disse o professor do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil, Mauro Calil. "Cedo ou tarde, o investidor migrará para a poupança."
Até o dia 27, o balanço da caderneta mostrava uma captação líquida (depósitos menos saques) positiva de R$ 4,1 bilhões, segundo o Banco Central (BC). É bem mais que no primeiro semestre inteiro, quando a captação foi de R$ 2,4 bilhões. No mesmo período, os depósitos nos fundos de renda fixa superavam os saques em R$ 3,6 bilhões. Nos DIs, eram apenas R$ 87,9 milhões positivos.
O administrador de investimentos Fábio Colombo observa que a maioria dos fundos de renda fixa tem conseguido bater de longe a taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, juro de referência do mercado financeiro). "Na média, esses fundos têm dado entre 110% e 120% do CDI ao mês", disse.
No entanto, Colombo frisa que esse desempenho decorre, em grande medida, ao aumento da participação de papéis emitidos por empresas na carteira dos fundos. "O investidor deve olhar esse movimento com atenção", recomenda. Segundo especialistas, bônus empresariais (como debêntures) não oferecem a mesma segurança de um título do governo.
AÇÕES
Os analistas estão divididos quanto às perspectivas para a bolsa de valores nos próximos meses. Enquanto Colombo considera o preço das ações "puxado", Calil acredita que a tendência para o mercado acionário ainda é positiva.
"A bolsa está cara, há um pouco de oba-oba. Por isso, acho salutar uma correção de preço", disse Colombo. "O investidor que comprou ações nos últimos meses e já apura algum ganho deve realizar vendas gradativamente para apurar o lucro."
Calil avalia que ainda há espaço para o Ibovespa subir. "Não acho que a bolsa esteja em um nível alto, mas médio", argumentou.
O professor de finanças Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, concorda com Calil. "Acredito em uma tendência consistente para a bolsa, não mais por causa da recuperação da queda do ano passado, mas por causa das perspectivas positivas para a economia brasileira", afirmou. "Mas isso não significa que não haverá volatilidade no meio do caminho. Sempre há momentos em que os investidores vendem papéis para realizar lucros."
Até o dia 30, a bolsa brasileira era a que tinha a segunda maior valorização de 2009, atrás apenas da bolsa indonésia, segundo o índice MSCI, compilado pelo banco de investimentos Morgan Stanley. O MSCI Brasil avançava 67,84% em dólar, ante 85,81% da Indonésia. Em 12 meses, porém, o indicador brasileiro ainda acumulava baixa de 29,3%.