‘Autismo e Saúde Mental’: seminário reforça importância da inclusão e diversidade no ambiente de trabalho

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O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado dia 2 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, com o objetivo de aumentar a discussão sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e incentivar a inclusão social. Para debater o assunto, o Sindicato promoveu ontem (2/4), um seminário, em formato híbrido, com o tema ‘Autismo e Saúde Mental’.

Vanessa Sobreira, secretária de Saúde do Sindicato, foi quem coordenou a mesa. “O seminário no Sindicato nesta data foi de grande importância. A partir dele, damos visibilidade a essa pauta que impacta uma parcela significativa da população e, consequentemente, de bancários e bancárias, que possuem o transtorno ou que são familiares de autistas. Vamos continuar debatendo sobre o tema em conjunto com os grupos auto-organizados, dando apoio e fazendo as reivindicações devidas a respeito do tema”, defendeu Vanessa.

A mesa contou com a participação de bancárias engajadas nessa luta. Como Priscila Reis, funcionária do Banco do Brasil, autista e pessoa com deficiência (PCD). Ela, que é ativista pela inclusão de neurodivergentes, enfatizou a importância do reconhecimento de cada indivíduo como único. “Cada pessoa é uma. Nós temos que acreditar que todo mundo pode evoluir, ganhar conhecimentos e habilidades, por mais complexo que seja”.

Para Priscila, o primeiro passo para um autista atingir uma saúde mental satisfatória é o reconhecimento e a aceitação. Valorizar as diferenças. “A aceitação leva à autoestima e à autoconfiança. Não só para a pessoa autista, mas também para os pais e demais familiares”. A ativista também relembrou a importância do diagnóstico e como ele ainda é elitista no Brasil. “É muito caro ter o diagnóstico. E isso afeta principalmente as pessoas negras, que ainda estão à margem da sociedade no nosso país. Precisamos também reconhecer privilégios nesse espaço e tentar mudar a realidade”, pontuou.

Outra significativa participação no seminário foi a de Kárin Teixeira, bancária da Caixa, mãe atípica e produtora de projetos socioculturais para autistas. Kárin trouxe ao debate dados impactantes sobre a realidade dos autistas: 40% das crianças autistas dizem não ter amigos, somente 6% dos adultos autistas têm empregos em período integral e apenas 20% dos professores de crianças autistas têm algum treinamento sobre o transtorno.

A bancária instigou a comunidade presente a refletir: “O que nos move? Por que estamos aqui? Nosso encontro é para falar sobre o autismo, mas também sobre o combate ao capacitismo”. Kárin também destacou, por um lado, a importância da Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, mas por outro, refletiu sobre como a legislação brasileira pode até ser boa nas ideias, mas falha na prática. 

Encerrando a participação das palestrantes convidadas, Larissa Argenta, autista, bancária da Caixa, advogada e fundadora do Coletivo Caixa Autista, destacou a luta de pessoas autistas no ambiente de trabalho, trazendo inclusive histórias pessoais e sensíveis. “Falando em saúde mental, a maioria das pessoas que são neurodivergentes ou são da comunidade autista não têm coragem de apresentar o diagnóstico no trabalho. As pessoas escondem essa condição com medo de não crescer profissionalmente e até de perder seus cargos”, frisou ela. 

Larissa salientou que, para termos saúde mental para as próximas gerações, é necessário mudar o hoje. “Não tem como dormir tranquilo se não fizermos nada. Então, vamos superar a barreira do medo, vamos aceitar um lugar de protagonismo e garantir nossos direitos”, disse.

O seminário foi aberto também para a participação presencial e online dos que estavam acompanhando os debates. Homens e mulheres, de diversas áreas, puderam compartilhar histórias e vivências sobre o universo autista e como cada situação impacta na vida individual e também coletiva.

Maria Regina Mouta
Colaboração para o Seeb Brasília