O sistema capitalista é amplamente apontado como responsável pelas desigualdades sociais, pois prioriza a competição e o individualismo como norteadores de um projeto político que perpetua diversas mazelas. Esses impactos recaem principalmente sobre a população negra, a maior vítima do racismo estrutural e estruturante.
Conforme análises de sociólogos, cientistas políticos e organizações sociais engajadas no combate às diversas formas de exploração, a pobreza e a miséria no Brasil são resultados de um sistema que não prioriza a classe trabalhadora. Pelo contrário, esta é tratada como massa de manobra para sustentar relações desiguais, pautadas pelo poder, autoritarismo e individualismo.
Na sociedade brasileira, as relações sociais e humanas são frequentemente determinadas pelo capital econômico. Quem possui mais recursos é mais valorizado e respeitado. Além disso, há uma base já amplamente reconhecida de que o capitalismo se consolidou em um alicerce racista. Como consequência, o sistema financeiro reflete essa mesma lógica discriminatória.
Não podemos ignorar que o processo de embranquecimento no Brasil, iniciado durante o período escravocrata e intensificado após a Abolição da Escravatura (1888), enfraqueceu a identidade racial da população negra. Essa abolição, como sabemos, não trouxe uma verdadeira libertação para as pessoas negras escravizadas. O objetivo desse processo era suprimir a influência das culturas, histórias e conhecimentos seculares africanos, fundamentais para a terra, a agricultura, as habilidades manuais e inúmeros inventos que foram negados e usurpados de suas autorias africanas.
Milhões de africanos e africanas foram sequestrados, reduzidos à condição de mão de obra explorada e submetidos à lógica da mais-valia. Muitos morreram sob torturas, genocídios e correntes, com a conivência de instituições como a Igreja Católica na época.
Sim, o capitalismo é racista e encontra resistência em setores da sociedade brasileira. No entanto, a correlação de forças ainda é desigual. Apesar disso, a luta da classe trabalhadora, especialmente do povo negro brasileiro, não se intimida. Descendentes de nações africanas resistem com força espiritual, braçal e intelectual, buscando garantir direitos constitucionais, igualdade de oportunidades e o direito à terra.
No sistema financeiro, o capitalismo domina a lógica de exclusão, agravando a desigualdade. Faltam políticas públicas que garantam saúde, educação, trabalho, cultura e lazer, especialmente para as populações mais vulneráveis. Esse sistema reforça a ideia de que o diferente é inferior, perpetuando o racismo contra aqueles de origem africana.
Portanto, é fundamental que o racismo em todas as suas formas seja extinto para que possamos alcançar um BEM-VIVER real para todas e todos. Um futuro onde as diferenças, peculiaridades de raça, gênero, credo e modos de ser sejam respeitados. Sem discriminação. Asè!
Jacira da Silva é jornalista