Mesmo diante de argumentos contrários, em menos de três horas deputados aprovam a transação financeira entre BRB e Master
Na noite desta terça-feira (19), os deputados da Câmara Legislativa do Distrito Federal se reuniram em sessão ordinária para debater e votar o Projeto de Lei nº 1882/2025, enviado à Casa pelo governador Ibaneis Rocha. A sessão teve início por volta das 17h30, após reunião dos parlamentares com o presidente do BRB.
A sessão começou com a leitura do projeto e de suas emendas. Resumidamente, o texto autoriza a aquisição de 49% das ações ordinárias do Banco Master, bem como 100% das ações preferenciais do capital social.
Aberta a discussão, apenas os deputados contrários à aprovação do PL se manifestaram. A deputada Dayse Amarílio (PSB), por exemplo, considerou que os documentos deveriam ser melhor analisados pelos parlamentares, pois “o BRB é um patrimônio do DF”. Ela também questionou a pressa em votar o projeto, lembrando que os deputados receberam, menos de uma hora antes da sessão, um documento com as possíveis vantagens da compra. A deputada ainda qualificou a situação como incoerente, uma vez que não há a mesma urgência em votar projetos que melhorem a saúde.
Já o deputado Fábio Félix (PSOL) indignou-se com o fato de o BRB ter se recusado a fornecer dados que subsidiassem a votação: “nós não temos um documento do BRB que comprove que essa operação será boa para o DF”.
“Veio um projeto, mas não veio um estudo de análise de riscos”, declarou o deputado Max Maciel (PSOL), ao reivindicar mais tempo para debater a proposta antes da votação.
Ainda assim, sem nenhuma manifestação favorável, o plenário aprovou o projeto que autoriza a compra do Banco Master pelo BRB, sob um investimento de aproximadamente R$ 2 bilhões.
Dos 22 deputados votantes, 17 votaram a favor do PL. A pedido do deputado Max Maciel, a votação ocorreu de forma nominal. Nesse sentido, o Sindicato dos Bancários convoca os trabalhadores a verificarem quais parlamentares votaram a favor da transação financeira e contra os trabalhadores, clientes e usuários do BRB.
“Nós estamos com uma ação judicial. Ainda há a análise do Banco Central e precisa ser aprovada pela assembleia dos sócios. Há uma série de vícios no projeto, que tentamos denunciar aqui, e iremos utilizar esses argumentos para tentar reverter. É um golpe contra o DF, contra o BRB”, enfatizou Gabriel Magno (PT).
Quem votou o PL?
A sessão contou com 22 deputados para a votação do PL 1882/2025, que foi aprovado em dois turnos.
Votaram a favor da compra do Banco Master: Doutora Jane (MDB), Eduardo Pedrosa (União), Hermeto (MDB), Iolando (MDB), Jaqueline Silva (MDB), João Cardoso (Avante), Jorge Viana (PSD), Martins Machado (Republicanos), Pastor Daniel de Castro (PP), Pepa (PP), Thiago Manzoni (PL) e Wellington Luiz (MDB).
Votaram contra: Chico Vigilante (PT), Dayse Amarílio (PSB), Fábio Félix (PSOL), Gabriel Magno (PT), Max Maciel (PSOL), Paula Belmonte (Cidadania) e Ricardo Vale (PT).
A deputada Dayse Amarílio ainda se colocou à disposição e afirmou: “a luta não terminou por aqui”.
O que diz o Sindicato
O Sindicato continua na luta pela defesa dos trabalhadores e da estabilidade do BRB. Para a diretora Samantha Sousa, “o que aconteceu na aprovação deste projeto de lei foi vergonhoso por parte dos deputados, uma vez que compromete a sustentabilidade do Banco de Brasília para salvar banqueiros. E quem terá que pagar essa conta é a população do Distrito Federal”.
Cristiano Severo, diretor do Sindicato, afirmou que “o governador Ibaneis e os distritais que aprovaram esse projeto, que utiliza R$ 2 bilhões de uma empresa pública para socorrer um banqueiro privado, estão tripudiando sobre as necessidades mais básicas da sociedade brasiliense”. Essa situação também foi destacada pela deputada Dayse Amarílio e pelo deputado Max Maciel, que questionaram a urgência da votação diante da situação caótica da saúde no DF.
“Foi uma votação que passou como um trator pelo processo legislativo. Era evidente que a aprovação do PL era esperada, mas a discussão do projeto — que faz parte da prática democrática — foi totalmente ignorada. Esse debate era necessário para que a sociedade do DF entendesse os riscos envolvidos na operação”, declarou o diretor Alexandre Assis.
Os advogados do Sindicato colocaram-se à disposição dos parlamentares contrários ao PL para auxiliar na entrada de mandado de segurança contra a aprovação. “Nós lutamos junto aos deputados e deputadas contra essa ilegalidade, para impedir a votação do Projeto de Lei que permitiria essa compra [do Banco Master pelo BRB]. Houve uma série de violações a prazos regimentais e a votação foi realizada antes mesmo que o deputado Gabriel Magno e outros parlamentares pudessem receber informações mínimas para analisar se o negócio era justificado ou não. Por isso, foi impetrado um mandado de segurança tentando impedir ou anular a votação”, afirmou Maximiliano Garcez.
O Sindicato parabeniza a coragem dos deputados que se juntaram à entidade na defesa da estabilidade financeira do BRB, da segurança dos trabalhadores e em favor desse patrimônio público de Brasília.
Stéffany Santos
Colaboração para o Sindicato