O 10º Congresso Distrital dos Bancários e Bancárias do DF e Entorno foi aberto na noite desta sexta-feira (30) com discussões norteadas pelo tema “Vida, Democracia, Direitos e Luta”, numa demonstração de forte preocupação da categoria em relação aos desafios impostos pela crise sanitária decorrente da pandemia da Covid-19 e pelos ataques do governo Bolsonaro ao Estado brasileiro e aos trabalhadores.
Confira os debates do 2 dia ao vivo:
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> ‘Pandemia e emprego bancário’: confira o texto-base para o 10º Congresso Distrital dos Bancários do DF e Entorno
Os debates contaram com exposições de Márcio Pochmann, atual presidente da Fundação Perseu Abramo e ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, de Erika Kokay, deputada federal pelo PT-DF, e de Kleytton Morais, presidente do Sindicato.
Sob coordenação de Fabiana Uehara, secretária-geral do Sindicato, a abertura do evento abriu espaço também para intervenções de Rafaella Gomes, Gaia Demétrio, Ivan Amarante, Leny Vieira e Ricardo Machado, representantes das diferentes forças políticas que compõem a direção do Sindicato.
O 10º Congresso Distrital é dedicado às vitimas fatais do coronavírus. A homenagem aos bancários, às bancarias e a todos os demais brasileiros que perderam a vida na pandemia foi traduzida em vídeo com Chico César cantando o poema “Inumeráveis”, de Bráulio Bessa, criado para não deixar que as pessoas vitimadas pela doença se tornem apenas números.
Para Márcio Pochmann, os trabalhadores e suas representações estão diante de uma mudança de época, um terceiro momento desde a abolição da escravatura e ingresso no capitalismo, passando pela fase de urbanização e industrialização, a partir de 1930. “Estamos em transição para uma nova classe trabalhadora, da era digital, com radical mudança na estrutura econômica e na natureza do trabalho”, diz o economista.
Pochmann aponta o surgimento de uma classe trabalhadora heterogenea, voltada para serviços típicos da era digital, sem os sentidos de pertencimento a um setor de produção específico e de identidade em relação ao produto do trabalho realizado. A seu ver, as transformações em curso impõem aos sindicatos pensar e atuar em uma perspectiva mais ampla. “Há enormes desafios, em especial para a defesa dos direitos, mas as transformações trazem também oportunidades”, destacou.
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, destacou entre os desafios centrais do momento a defesa da vida. “Milhares estão morrendo por conta da pandemia, mas há também pessoas morrendo por fome e por frio, nas ruas. E os culpados estão aí, nesse governo genocida”, enfatizou.
Juvandia lembrou que o Comando Nacional dos Bancários e os sindicatos se empenham desde o início da pandemia para salvar vidas. “Vamos seguir focados nesse propósito nas discussões com os bancos, com o Congresso e com os governos, ao mesmo tempo em que reforçaremos nos nossos congressos e na Conferência Nacional as nossas pautas prioritárias para o momento, com foco na defesa do emprego, da saúde e de condições de trabalho, e na defesa dos bancos públicos, da soberania nacional e da democracia”, assegurou.
A deputada Erika Kokay disse que transformação continua sendo uma função e um desafio. “Estamos revisitando uma república velha, estamos revisitando um obscurantismo. Vivemos um período de ausência de democracia plena de destruição dos espaços coletivos, de crescimento dos fundamentalismos e de destruição dos instrumentos de desenvolvimento do país”, acrescentou.
Para a parlamentar, a luta social de enfrentamento ao arbítrio requer forte engajamento na disputa de narrativa e de hegemonia. Assim como a soberania nacional significa resgatar o Estado brasileiro e suas instituições, entre as quais os bancos públicos e as estatais, e “tomar de conta todas as expressões de vida”.
O presidente do Sindicato, Kleytton Morais, saudou os convidados da abertura do 10º Congresso Distrital, mencionou os trabalhadores que perderam suas vidas na pandemia, lembrando que “quem parte é sempre amor de alguém, é inumerável, como diz o poema de Bráulio Bessa”. E exaltou os que seguem na luta, “que são igualmente inumeráveis e são imprescindíveis”.
Kleytton destacou os desafios para a defesa das pautas da categoria bancária e para a luta geral dos trabalhadores por democracia e contra os entraves obscurantistas ao processo de desenvolvimento humano. “Apostamos na ação totalizadora do Sindicato como sujeito permanentemente reinventado, para a o combate a toda e qualquer forma de sequestro de sonhos”, frisou.
O 10º Congresso Distrital é dedicado às vitimas fatais do coronavírus. A homenagem aos bancários, às bancarias e a todos os demais brasileiros que perderam a vida na pandemia foi traduzida em vídeo com Chico César cantando o poema “Inumeráveis”, de Bráulio Bessa, criado para não deixar que as pessoas vitimadas pela doença se tornem apenas números.
Confira a live de abertura do Congresso:
Plano de lutas
O Congresso Distrital definirá neste sábado (31) o plano de lutas da categoria para o próximo período. Os trabalhadores de bancos públicos e privados vão também eleger seus representantes para a 23ª Conferência Nacional dos Bancários, que acontece em setembro, e para o 32º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (CNFBB), para o 37º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef) e para os demais encontros específicos por bancos.
Programação
Sexta-feira – 30 de julho de 2021
19h: abertura
Saudação das forças políticas
19h30
Mesa – Brasil: reflexões e estratégias do movimento sindical na construção da luta pela vida, democracia e direitos
- Kleytton Morais – presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília
- Juvandia Moreira – presidenta da Contraf-CUT
- Erika Kokay – deputada federal pelo PT-DF
- Márcio Pochmann – professor doutor e ex-presidente do Ipea e da Fundação Perseu Abramo
Sábado – 31 de julho de 2021
09h30
Mesa I – Processos tecnológicos, impactos e transformações no emprego bancário
- Edson Ivo Martins – Secretário de Combate à Discriminação do Sindicato dos Bancáries de Brasília
- Cátia Uehara (economista do Dieese)
10h30
Intervalo 5 minutos
10h35
Mesa II – Saúde e condições de trabalho decorrentes da reorganização produtiva do sistema financeiro
- Vanessa Sobreira – Diretora da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários de Brasília
- Dra. Fernanda Duarte (UnB) – Servidão voluntária, erosão do coletivo
- Valeria Schultz (mestre e bancária da Caixa) – Direito à desconexão
- Nádia Vieira (economista assessora técnica do Dieese) – Intensidade do trabalho bancário e apresentação de pesquisa relacionada à covid-19
12h30
Intervalo almoço
13h30
Mesa III – Bancos públicos do futuro e o futuro dos bancos públicos: defesa contra desmonte e privatização e instrumento estratégico para reconstrução do brasil
- Fabiana Uehara (Sindicato dos Bancários de Brasília/Comissão Executiva dos Empregados da Caixa)
- Débora Fonseca (representante dos funcionários no Conselho de Administração do BB)
- Jean Moreira Rodrigues (economista/historiador e bancário aposentado do BB)
- João Fukunaga (secretário de Administração do Sindicato dos Bancários de São Paulo e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB)
- Rita Serrano (representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa)
- Adão Alves dos Passos (representante dos empregados no Conselho de Administração do BRB)
Intervalo de 5 minutos
15h
Mesa IV – Planos de saúde suplementar: ataques e desafios à sustentabilidade
- Wescly Queiroz – secretário de Assuntos Jurídicos da Fetec-CUT/CN
- Alberto Júnior – funcionário do BB e ex-gerente executivo da Cassi
- Amanda Corcino – presidenta do Sintect-DF
16h20
Mesa V – Previdência complementar: ameaças e desafios
- Gaia Demétrio – diretora da Fetec-CUT/CN e conselheira eleita da Funcef
- Márcio de Souza – diretor eleito de Administração da Previ
17h30
Assembleia para escolha de delegados aos congressos específicos por bancos e à Conferência Nacional
Da Redação