Urgente! Sindicato assegura condicionantes para retorno ao trabalho presencial. Convocados devem ponderar com gestor

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Banco do Brasil alega “mal entendido” na interpretação do comunicado e Sindicato impede retorno massivo aos locais de trabalho

Após cobrança ao Banco do Brasil sobre o controverso comunicado que determina que “funcionário com autodeclaração de coabitação” retorne ao trabalho presencial, em reunião com o Sindicato (foto acima) na sexta-feira (24), o Comitê Tático local do banco garantiu que o retorno não será massificado.

O Sindicato dos Bancários de Brasília foi contra a medida, que não levou em conta a curva de contaminação, os casos pontuais, a real necessidade do trabalho presencial, além de não prever monitoramento das rotinas desses colegas e tampouco considera os processos emocionais que esta lamentável decisão implica aos trabalhadores e seus familiares. Por isso, a entidade procurou a direção do BB para negociação.

“Essa decisão, baseada apenas na dimensão negocial, coloca uma responsabilidade descomunal sobre os gestores de unidade e potencializa consideravelmente as margens de erro da decisão, deixando-os com o encargo sobre os riscos de óbito que o retorno indiscriminado pode acarretar, sem a observância de parâmetro médico-científico e o respeito à mesa de negociação”, sustenta o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.

Antecedentes

Dia 22 passado, a Comissão de Empresa dos Funcionários se reuniu com o banco, numa tentativa de explicar a situação dos bancários que coabitam com familiares do grupo de risco, e que tal medida poderia ser prejudicial à saúde de funcionárias e funcionários. Além disso, ainda há o risco à imagem do banco, ao ser responsabilizado pela contaminação e por óbitos daqui para a frente.

A ocasião também serviu para que a Dipes ratificasse o entendimento contido no seu comunicado a administradores, segundo o qual não há nenhuma menção de convocação de funcionários, tampouco de obrigatoriedade, para o retorno no dia 27 de julho, seja de trabalhadores regulares ou autodeclarados coabitantes com grupos de risco, mas que apenas funcionário com a autodeclaração de coabitação (com pessoas que fazem parte de grupos de risco da Covid-19) passasse a se enquadrar nas formas de trabalho disponíveis, como os demais funcionários do banco que não pertençam ao grupo de risco, a partir de 27 deste mês .

Negociação entre Sindicato e Comitê Tático Brasília

Na tarde desta sexta-feira (24), o Sindicato dos Bancários de Brasília, representado por seu presidente, Kleytton Morais, e Marianna Coelho, secretária de Assuntos Jurídicos e integrante da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, reuniu-se por videoconferência com os membros do Comitê Gestor local de Crise da Covid-19, composto pelos gestores das Superintendências, Gepes e Unidades de Apoio.

“Reivindicamos que se pensasse o retorno avaliando não só as necessidades da empresa, mas também a real necessidade do serviço e as peculiaridades da situação de cada funcionário, visto que o banco, mais uma vez, não tratou do retorno dos coabitantes na mesa de negociação nem atentou ao fato de que na maioria das cidades a pandemia atinge o seu pior momento, com colapso do sistema de saúde público e privado, sem testagem e sem resguardar a família dos funcionários, que estarão mais suscetíveis à contaminação”, disse a dirigente sindical e representante da CEBB pela Fetec-CUT/CN, Marianna Coelho. 

Controversas, as demandas e preocupações dos colegas que chegaram ao Sindicato ao longo da semana divergem das informações apresentadas pelos gestores em mesa de negociação. Eles argumentam “não haver grande número de queixas dos funcionários em relação ao retorno e que existem há algum tempo situações de solicitação para que fosse autorizado o retorno ao trabalho presencial desses trabalhadores, dentre outras situações, face à inadequação ao home office.”

A negociação entre Sindicato e o banco reforçou o entendimento de que o retorno ao trabalho presencial não será massificado nem indiscriminado. “Não há qualquer prudência ou razão para convocar funcionários a fazer na unidade o mesmo trabalho que fazem em home office.”

O Banco do Brasil garantiu que o funcionário ou a funcionária coabitante com grupo de risco que não se sentir seguro pu segura em relação ao retorno poderá, em diálogo com o gestor, ponderar em relação ao retorno ao trabalho presencial e, ainda, caso não se sinta contemplado ou contemplada, poderá contatar a Gerência de Gestão de Pessoas (Gepes). Esta medida também é assistida pelo Sesmt (Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), que é competente à análise da situação particular do coabitante.

A orientação do Sindicato para os trabalhadores em home office que foram convocados para retorno ao trabalho na próxima segunda-feira (27), é que entrem em contato com o seu gestor para reportar suas particularidades, como coabitação com grupo de risco ou filhos com aulas suspensas.

“Vários colegas que coabitam com grupo de risco nos procuraram desesperados com a situação. Alguns relataram a gravidade da saúde de seus familiares, que se recuperam de tratamentos intensivos e por isso com baixíssima resposta imunológica. ‘O isolamento social da família é uma condicionante que definirá a vida ou a morte do parente’, explicou o colega e reforçou sua angústia com a situação. Ignorar isso é desumano e não aceitaremos”, ressalta o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.

Por sua vez, o banco, por meio das áreas representadas Comitê Gestor local de Crise Covid-19, destacou que o objetivo da medida é buscar a melhor solução possível que contemple a necessidade de atendimento à população, salvaguardando a vida e saúde dos funcionários e seus familiares. Para isso, reitera o compromisso em recepcionar, analisar observando a interveniência da área médica e dar providências às situações que requeiram cuidados especiais e buscar a melhor solução possível.

Questionada ainda pela representação sindical com relação às situações de continuidade no home office dos pais com filhos em idade escolar – face à suspensão das aulas presenciais decorrentes das medidas de segurança contra a Covid-19, a Gepes esclareceu que, nestes casos, o gestor de cada unidade deve ser acionado pelo funcionário para buscar uma composição entre interesse pessoal familiar e o da empresa. Nesses termos, sendo ainda possível acionar o rodízio, conceder a redução da jornada com abono de horas, utilizar férias, abonos e licenças.

Fiscalização das dependências

O banco informa que as unidades de negócios estão preparadas com readaptação do layout dos locais de trabalho de acordo com as orientações da OMS para receber funcionárias e funcionários. Na PSO, por exemplo, as baterias de caixa contam com a instalação de proteção acrílica e os funcionários terão à disposição todos os EPIs, como máscaras, face shield, álcool gel, além do que o atendimento permanecerá contingenciado, de modo a evitar aglomerações no interior das agências.

O Sindicato intensificará o acompanhamento das condições de trabalho nas unidades de negócios do banco e será implacável, quando observadas quaisquer vulnerabilidades na questão da segurança dos trabalhadores.  

“Pedimos aos colegas que denunciem ao Sindicato caso não se sintam contemplados no encaminhamento e tratamento do seu retorno presencial ao trabalho por impactar a sua saúde e de sua família, ou que, nos locais de trabalho, ao constatarem irregularidades ou fragilidades, entrem em contato imediatamente e mantenham a entidade informada, para que possamos buscar a resolução e atendimento junto ao BB, mantido o sigilo da fonte,” explica Marianna Coelho.

Denuncie

O Sindicato orienta o bancário convocado a retornar ao trabalho presencial que exija a convocação por escrito e procure a entidade.

No caso do gestor, se o BB estiver pressionando para mandar para o trabalho presencial o colega que cuida do pai e da mãe ou de algum familiar que faça parte do grupo de risco, também denuncie ao Sindicato.

Os canais para denúncia, que tem o anonimato garantido, são:

  • Central de Atendimento 1: (61) 9 9965.6882
  • Central de Atendimento 2: (61) 9 9656.3824
  • Emails: centraldeatendimento@bancariosdf.com.br e marianna.coelho@bancariosdf.com.br

Os bancários também podem fazer a denúncia pelo site do Sindicato, por meio do canal Fale Conosco disponível no canto inferior direito da tela.

Da Redação