Sobre a Saúde BRB e a Associação, o que importa é a perenidade do plano

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Na última sexta-feira (11), a Associação dos Empregados do BRB realizou assembleia em que foram deliberados assuntos como o plano de trabalho, a prestação de contas e as alterações estatutárias da entidade. Sobre essas alterações, importante ressaltar que só foi dado conhecimento delas na própria assembleia, não tendo sido identificada nenhuma das alterações em edital. Outro aspecto intrigante é que a mesa condutora encerrou a assembleia sem colocar em discussão o último ponto da pauta: assuntos gerais.

Embora tenha sido feito enorme estardalhaço quanto ao financiamento da Saúde BRB na convocação da assembleia, o foco central foi a alteração estatutária que visava ao aumento do mandato do Conselho Deliberativo da Associação de cinco para sete, informação somente detalhada na própria assembleia.

Diretores do Sindicato dos Bancários e da Federação dos Bancários da Região Centro Norte (Fetec-CUT/CN) participaram da assembleia e expuseram sua posição absolutamente contrária à extensão do mandato, apontando a impropriedade e o caráter antidemocrático da medida. Porém, o assunto foi aprovado.

O Sindicato destaca ainda que o fundamental, que deveria ter sido a discussão de ações em defesa da Saúde BRB, passou ao largo. Ou seja, o foco, a perenidade de nosso plano de saúde, não foi a linha mestra da condução da assembleia. Apenas se abordou o fato de que o banco pretende “vender” o balcão para exploração por empresas que pretendam expor produtos nas agências do BRB, podendo assim diminuir os recursos da Associação, cuja maior fatia vem do resultado da BRB Card e da Corretora de Seguros BRB, com a venda exclusiva de seus produtos.

A AEBRB tem 30% de participação nas referidas empresas. É necessário esclarecer que a exclusividade do uso do balcão, negociada em 2009 pela gestão anterior da AEBRB, terminou em julho de 2019, sem que a Associação comunicasse nada aos associados sobre a situação. Naquela negociação de 2009, o Sindicato teve intensa participação, destravando o debate que estava interditado pela direção do BRB de então, e assim, foi partícipe da construção do atual modelo de financiamento da Saúde BRB.

Diante disso, é de se questionar: o que a Associação fez em três anos para renovar a exclusividade? Lembrando que o atual Conselho Deliberativo se elegeu em 2016 e desde então não se sabe o que fez quanto a essa questão. Será que esta gestão teve e tem capacidade, competência e disposição para prosseguir nesta negociação, pois ela implica embate com a direção do banco, e, pelo visto até aqui, a Associação parece temer o banco. Então, como ir para o embate? Outro elemento importante, dos três anos passados em que não se avançou nada nesta negociação, em mais de dois anos a gestão do BRB contou com cinco empregados de carreira, inclusive o presidente, que teria trabalhado arduamente para a vitória do atual conselho da Associação, mas nem isso foi suficiente para avançar. Diante disso, pergunta-se: se não foram capazes de fazer em três anos essa negociação, de que adianta aumentar o mandato, dando mais quatro anos ao atual conselho? Aliás, configura-se uma aberração mandato de sete anos, algo absolutamente antidemocrático.

Ainda sobre o atual conselho, cabe destacar que se elegeram com o trinômio Transparência, Renovação e União, e, desses três, só houve a renovação, pois, os empregados do banco ativos e aposentados, sócios da Associação, nunca foram efetivamente chamados para o debate, demonstrando assim que transparência e união nunca foram o forte da gestão. Esta situação do balcão ilustra bem isso, é um assunto desconhecido por quase a totalidade dos empregados do BRB, ativos e aposentados.

Ressalte-se ainda que a principal proposta do conselho na campanha eleitoral de 2016 era a realização de uma assembleia, em no máximo 90 dias após a posse, para alterar o estatuto, de forma que o mandato fosse reduzido de cinco para três anos, que houvesse transparência e democratização no processo de escolha dos diretores e conselheiros indicados pela AEBRB para as empresas das quais participa, e ainda a flexibilização dos critérios exigidos dos empregados do BRB para eleição para o Conselho. O fato é que nenhum dos três ocorreu: a maioria dos empregados desconhece os meandros das escolhas dos representantes da AEBRB para os conselhos e diretorias das empresas BRB Card e Corretora de Seguro, o mandato, que seria reduzido, foi aumentado para sete anos, e a flexibilização dos critérios, proposta apresentada por participantes da assembleia, foi fortemente rechaçada pela mesa condutora. Ou seja, diante disso, pode se afirmar que o atual Conselho da AEBRB cometeu um verdadeiro estelionato eleitoral.

O mais risível foi o argumento utilizado para a extensão do mandato: o prejuízo que causaria a eleição de um outro conselho em 2021. Este argumento por si só já deixa clara a incapacidade do atual conselho pois já se foram três anos e nada, e, se não conseguirem até 2021, ano em que expira também o uso do balcão, mesmo sem exclusividade, certamente não conseguirão nunca, pois uma negociação desta envergadura, cuja data limite quanto à exclusividade já se foi, e a data limite quanto ao uso se encerra exatamente em 2021, não pode jamais ser feita no seu limite. Isso joga por terra o argumento, e coloca outros: quais são as reais razões para este aumento da duração do mandato? Será para assegurar cargos? É uma hipótese.

Quanto ao assunto que realmente importa para empregados e aposentados, a manutenção da Saúde BRB, no mínimo nos mesmos moldes de hoje, terá de ser suportada pelas patrocinadoras, caso a Associação apresente dificuldade de fazer o aporte que faz hoje. Esta é a linha de defesa do Sindicato dos Bancários de Brasília, que não medirá esforços na luta pela manutenção da Saúde BRB. Assim como ocorreu em 2009, o Sindicato buscará ajudar no estabelecimento do diálogo entre a Associação e o banco. Mas o Sindicato reitera a exigência de que o banco se responsabilize pela manutenção da Saúde BRB, e não aceita nenhum retrocesso quanto ao plano. Iniciando essa caminhada, o Sindicato já oficiou o presidente do banco, Paulo Henrique, e a AEBRB, na busca de diálogo que produza caminhos que levem à melhor solução.

Da Redação