Sindicato e entidades indígenas lançam campanha A’UWE TSARI – S.O.S Xavante para conter a pandemia

0

Lançamento será nesta quarta-feira (24), às 19h, na página SOS Xavante no Facebook. Fetec-CUT/CN está na coordenação da campanha

A pandemia da Covid-19 avança rapidamente sobre as populações mais vulneráveis, entre elas as nações indígenas. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), nesta quarta-feira (24) o número de casos confirmados de contaminação totaliza 7.925 em 111 povos, com 355 mortos. Mais da metade dos 800 mil indígenas brasileiros vive na região Norte e Centro-Oeste. Há estimativas de que a pandemia pode dizimar 40% de toda essa população, se não houver ações concretas e rápidas de contenção do coronavírus. Os cerca de 22 mil Xavante, quase todos habitando o Mato Grosso, estão entre os mais fragilizados e precisam de proteção de emergência.

Por isso, a Federação dos Bancários do Centro-Norte (Fetec-CUT/CN) uniu-se à Federação dos Povos Indígenas do Mato Grosso (Fepoimt) e ao Condisi Xavante (Conselho Distrital de Saúde Indígena Xavante) para lançar a campanha A’UWE TSARI – SOS XAVANTE. O lançamento, nesta quarta-feira (24), será em uma Live virtual às 19h, na página SOS Xavante do Facebook.

Também participam da campanha os Expedicionários da Saúde, a Operação Amazônia Nativa (Opan), The Nature Conservancy Brasil, a Revista Xapuri, o Sindicato dos Bancários de Brasília e inúmeras personalidades nacionais e internacionais.

Todos os sindicatos filiados à Fetec-CUT/CN participarão ativamente da campanha, que terá duração de 60 dias, principalmente os três que têm base no Estado do Mato Grosso (Seeb MT, com sede em Cuiabá, Seeb Rondonópolis e Sinbama, sediado em Barra do Garças).
“Ao longo dos últimos dias, realizamos um intenso trabalho de diálogo com diversas representações dos povos indígenas, parlamentares da frente indigenista, estudiosos, membros do Ministério Público …, na tentativa de compreender e articular esforços na defesa da vida. Neste sentido, chegamos a esta iniciativa A’UWE TSARI – S.O.S Xavante, que terá a prioridade das suas ações voltadas a suprir emergências do povo Xavante dentre elas a construção de unidade de enfermaria avançada que socorrerá os casos de Covid que vierem a prescindir de tratamento específico, aquisições de EPI’s e de gêneros que garantam a segurança alimentar …”, esclarece Kleytton Morais, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília.

E acrescenta: “Na mesma perspectiva, buscaremos chamar a atenção da sociedade para os descasos, omissões do estado e ataques seculares a que os povos indígenas têm se submetido. ‘Sangue Indígena, nenhuma gota a mais’!”

A busca por uma vida feliz e saudável

O nome A’uwe tsari, que se traduz por “ajude o povo Xavante“, ou simplesmente SOS XAVANTE, foi sugerido pelas próprias lideranças indígenas. Juntas, as palavras a’uwe (gente, povo) e tsari significam para os Xavante o vínculo com suas raízes, a busca por uma vida feliz e saudável, a cura pela natureza, a própria cosmogonia herdada de seus ancestrais nos jardins das plantas tortas, do bioma Cerrado, na região Centro-Oeste do Brasil.

No momento, infelizmente, há relatos de mortes e de pessoas enfermas em grande parte das mais de 300 aldeias Xavante. Um povo que heroicamente resistiu a 80 anos de contato com a sociedade nacional não haverá de sucumbir agora ante esta terrível pandemia.

Da Redação