Segunda mesa de debates do Congresso Distrital dos Bancários traz reflexões sobre mudanças vivenciadas no setor financeiro

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No segundo dia do 11º Congresso Distrital dos Bancários do Distrito Federal e Entorno, realizado neste sábado (21), os trabalhadores e trabalhadoras participaram de importantes debates. A segunda mesa, coordenada pelo presidente do Sindicato, Kleytton Morais, trouxe um diagnóstico sobre pautas essenciais e urgentes para a categoria.

Entre outros pontos, reflexões sobre desemprego, terceirização, hiperintensidade do trabalho, adoecimento, juros altos, sequestro do Orçamento público, precarização de serviços públicos, não desenvolvimento e lucros estratosféricos. Diagnóstico da atuação desregulamentada e deturpada do Sistema Financeiro Nacional e consequências aos trabalhadores e sociedade brasileira foram alguns dos pontos importantes da mesa.

“O complô”

O debate contou com participação do professor Hermes Zaneti, Deputado Federal Constituinte e autor do livro “O Complô: Como o Sistema Financeiro e eus Agentes Políticos Sequestraram a Economia Brasileira”, obra que trata dos percalços que envolveram a questão da regulamentação do sistema financeiro nacional.

Para o professor, a nação brasileira é refém de um sistema de comunicação alinhado com o sistema financeiro rentista, que visa apenas gerar lucro e não o bem-estar e condições dignas de vida para a classe trabalhadora.

“O país inverteu a realidade. Hoje, somos uma nação que trabalha para 1% da população rica do país, evidenciando o perfil rentista do Brasil, que paga R$ 2 bilhões por dia da sua dívida. Não há demanda que justifique a relação entre a inflação e o aumento diário dos juros. Esta é apenas mais uma ação que visa realizar um assalto à mão armada ainda maior no sistema produtivo brasileiro. Minha alegria é saber que a categoria bancária está tomando a dianteira para fazer um grande enfrentamento e colocar o país de volta aos trilhos do desenvolvimento”, esclareceu.

A economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Nádia Vieira também compôs a mesa e fez um diagnóstico das mudanças vivenciadas atualmente no ramo financeiro. Nádia explicou que nele o emprego é muito heterogêneo e vai muito além dos bancários, o que tem mudado, inclusive, a representação sindical do setor.

Essa heterogeneidade pôde ser vista em 2019, quando, pela primeira vez, os bancários passaram a representar menos da metade do emprego formal no ramo financeiro. Segundo a assessora técnica do Dieese, desde 2013 a categoria bancária acumula uma redução de quase 83 mil postos de trabalho.

As mudanças tecnológicas e constantes que vem ocorrendo, incluindo as mudanças presenciadas no período pós-pandêmico, têm mudado completamente o perfil da categoria. Exemplo disso, segundo Nádia, é que se percebe um crescimento nas contratações de profissionais da área de Tecnologia da Informação, mas, em contrapartida, uma redução significativa no índice de trabalhadores que estão na linha de frente do atendimento, aumentando consequentemente a sobrecarga de trabalho.

“Essas mudanças e suas consequências contribuem para que as entidades sindicais representem cada vez menos trabalhadores. As mudanças nas relações de trabalho reforçam a importância de conhecermos a fundo a nova configuração do ramo financeiro e do fortalecimento das entidades sindicais e dos bancos públicos. Estes são alguns dos desafios que estão colocados para o movimento sindical na atual conjuntura” disse.

Nádia concluiu explicando que a pandemia trouxe à tona questões importantes relativas ao tempo e intensidade do trabalho presentes no cotidiano dos bancários e as cobranças excessivas relacionadas as metas. “Temos vivenciado um achatamento da base e o aumento expressivo no número de fintechs, correspondentes bancários e trabalhadores informais. Entretanto, apesar de realizarem trabalhos similares, toda essa gama de trabalhadores está fora do guarda-chuva de proteção dos sindicatos dos bancários e demais entidades representativas dos trabalhadores, estando dessa forma desprovidos de qualquer proteção e escancarando ainda mais a reprodução do trabalho discriminatório brasileiro”, frisou.

As mesas de debates do 11º Congresso Distrital dos Bancários do Distrito Federal e Entorno seguem até o final do dia com importantes discussões. Confira a programação:

15h30
Painel 3: Insumos e proposições à minuta geral de reivindicações
Expositora: Nádia Vieira: Assessora técnica do Dieese – subseção Bancários DF – Apresentação do recorte da consulta nacional dos bancários DF
Expositor: Alberto Júnior: Conselheiro Deliberativo titular eleito da Cassi – Pós-emprego e direito ao plano de saúde

16h15
Painel 4: Plano de ação

Expositora: Laís Muylaert: advogada, sócia da LBS advogados – Combate ao assédio moral
Expositor: Neuriberg Dias: Assessor Parlamentar do DIAP
Apresentação de moções
Apresentação de propostas

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Leidiane Souza
Colaboração para o Seeb Brasília