‘R$ 15 bi vieram da venda de ativos’, destaca Rita Serrano em análise sobre resultado da Caixa em 2019

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Conselheira aponta que boa parte do desempenho resulta da venda de ativos e alerta para distanciamento do papel da empresa como banco público.

Confira:

Breve consideração sobre o desempenho da Caixa em 2019

O balanço de 2019 da Caixa com R$ 21,1 bilhões de lucro líquido, de fato é surpreendente, afinal é o maior da história do banco e prova perseguição idêntica aos demais por ganhos cada dia mais altos, algo incoerente com um país em crise econômica e que carece de investimentos e empregos.

Boa parte desse resultado é fruto da venda de ativos, foram R$ 15,5 bilhões (ações Petrobras, IRB, banco Pan e BB). Interessante notar que a Caixa só vende, nada compra.

Os resultados de 2019 são advindos basicamente de alguns fatores: do empenho dos empregados, do encolhimento da empresa com a venda de seus ativos e perdas no mercado de crédito.

A participação no mercado de crédito vem caindo. O market share, que em 2017 era de 22,37%, caiu para 19,74% em 2019, enquanto o Bradesco cresceu sua carteira de crédito em 11,4% e o Santander em 15,3%. Ressalvada a ampliação do crédito imobiliário, que cresceu 4,6% em 2019.

Com esse novo patamar rebaixado de operações de crédito, apura-se mais um resultado infeliz, que não ocorreu em função da melhoria da carteira, mas sim da diminuição de seu volume: a queda das despesas com PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa), que foram reduzidas de R$ 14,92 bilhões para R$ 10,75 bilhões, com um impacto positivo nos resultados de cerca de R$ 4,17 bilhões.

O resultado foi alavancado também pelo crescimento dos “Resultados da intermediação financeira”, que saltou de algo em torno de R$ 36 bilhões para R$ 47 bilhões, totalizando um incremento de R$ 10 bilhões nos resultados de 2019.

A Caixa contratou, em 2017, 2.311 novos empregados, frutos de questionamento judicial, não obstante manteve a política de PDV que já retirou da empresa quase 20 mil empregados desde 2015. E muito preocupa, nesses programas de demissão, a falta de critério que considere o risco de perda de inteligência da empresa, com a saída de profissionais cujo conhecimento é essencial.

Destaco que os empregados da Caixa deram conta de uma tarefa extremamente relevante para os brasileiros. Em 2019 foram pagos R$ 319 bilhões de benefícios aos trabalhadores, sendo R$ 29 bilhões de FGTS e PIS, para 60 milhões de pessoas; 318 mil unidades habitacionais entregues do MCMV e R$ 17 bilhões arrecadados de loterias que serão investidos em programas sociais (mesmo assim, pretendem privatizar o controle das loterias).

A direção da Caixa enfatizou que pretende privatizar operações de seguros e cartões ainda esse ano. Além disso, com a mudança da lei sobre o FGTS, o banco terá uma perda estimada em torno de R$ 3 bilhões com arrecadação. Isso mostra que os números de hoje poderão não se sustentar no médio prazo, colocando em risco seu papel público.

Destaco ainda que graças a anos de luta e organização dos empregados e entidades, a PLR foi conquistada e antecipada.

Rita Serrano
Representante dos empregados no Conselho de Administração da Caixa