O Banco é do Brasil: Sindicato denuncia e combate com afinco a privatização do BB

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A área econômica do governo voltou à carga com declarações à impressa sobre a ideia fixa de privatização do Banco do Brasil. O processo de venda do banco é comandado pelo próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, tendo como parceiro direto o secretário de Desestatização, Salim Mattar. O presidente do BB, Rubem Novais, completa o trio do desmonte e da entrega da instituição à iniciativa privada.

Guedes declarou ao jornal O Globo, na terça-feira (3), que estão em curso estudos para a privatização do BB e que os mesmos indicam que a medida serviria para baratear e diversificar o acesso ao crédito no país, entre outras justificativas. Rubem Novais, desde que tomou posse, vem repetindo que a venda do banco, em algum momento, será inevitável.

A despeito da declaração de Jair Bolsonaro negando que seja intenção do seu governo privatizar o BB, a avaliação reinante no meio político e empresarial é de que o trio Guedes, Mattar e Rubem pode até baixar publicamente a guarda, mas seguirá atuando firme em seu intento. Esse morde e assopra vem desde a instalação do governo Bolsonaro, antes mesmo da posse. O Sindicato destacou preocupação quanto a isso: Paulo Guedes já anunciava lá atrás que sua ideia era privatizar tudo que fosse possível. E colocou Rubem Novais na presidência do BB para enredar o banco na sua trama privatista.

“De fato, o projeto de privatização do BB já está sendo orquestrado pelo governo. E de forma clara e objetiva. Embora a venda da instituição só possa se dar com autorização do Congresso, os entreguistas do patrimônio público estão aproveitando a brecha que lhes permite desfazer das subsidiárias do banco”, denuncia o presidente do Sindicato, Kleytton Morais.

O BB já vendeu sua participação na resseguradora IRB, na BB Seguridade, na Neoenergia, na Cibrasec e na SBCE. Além disso, fez oferta secundária de ações, mantendo apenas no limite o controle da instituição.

“O Sindicato tem sido incansável no combate a esse processo de desmonte que caminha para a entrega total do BB ao setor financeiro privado. E vamos intensificar nossas ações de mobilização, levando informações e debatendo com os bancários e bancárias nos locais de trabalho, realizando protestos públicos e atuando firmemente no âmbito do Congresso, sempre em parceria com as representações dos trabalhadores de outras instituições também ameaçadas”, assegura Kleytton.

O Sindicato e demais representações dos bancários do BB desmontam com fatos e argumentos consistentes as justificativas infundadas da equipe econômica do governo para a privatização do banco. A representante eleita pelos funcionários para o Conselho de Administração do Banco do Brasil, Débora Fonseca, refuta a hipótese de que haveria barateamento e diversificação do acesso ao crédito lembrando que “os bancos privados nunca foram proibidos de oferecer crédito rural, mas não o fazem porque trabalham com taxas acima das oferecidos pelos bancos públicos”.

Levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em dados do Banco Central, aponta que, em fevereiro de 2019, 72,9% da carteira de crédito rural era de responsabilidade dos bancos públicos, com destaque para o Banco do Brasil e para o Banco do Nordeste.

Débora Fonseca ressalta que a privatização do Banco do Brasil prejudicaria toda a cadeia produtiva da agropecuária. Na sua avaliação, “o financiamento, obviamente, ficaria mais caro. Com isso, a agricultura familiar seria inviabilizada. O custo da produção aumentaria e isso seria repassado para os preços dos alimentos que chegam à mesa da população brasileira, que é quem pagaria o ‘pato’ por essa política inconsequente de redução do Estado, que vem sendo implantada pelo atual governo”.

Para o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, olhando para a capacidade de atuação do BB no mercado, a sua privatização também não faz o menor sentido, porque “o banco rendeu à União mais de R$ 32 bilhões nos últimos 10 anos, o que torna fora de contexto qualquer alegação de prejuízo ao Estado”.

Evando Peixoto
Colaboração para o Seeb Brasília