Manifesto da LBS: No dia 11 de agosto, justificamos nossos compromissos com a advocacia, principalmente neste momento que vivemos

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CAMINHOS

“(…) um método de agir que é tão astuto
Com jeitinho alcança tudo, tudo, tudo
É só se entregar, é só te seguir, é capitular
Capitu
A ressaca dos mares
A sereia do sul
Captando os olhares
Nosso totem tabu
A mulher em milhares
Capitu
De um lado vem você com seu jeitinho
Hábil, hábil, hábil… e pronto!
Me conquista com seu dom.”
Luiz Tatit

FUTURO – O momento atual, num mundo em transição, com incertezas, indefinições e mudanças radicais, demanda posicionamento claro. Para a LBS são essenciais algumas questões:

1. A base histórica sobre a qual o escritório foi criado e prosperou reside no Direito do Trabalho. As relações de trabalho, no entanto, estão passando por transformações importantes diante das novas tecnologias e decorrentes das próprias alterações no modo de produção capitalista, o que tem repercutido: na precarização das relações laborais, na concentração da renda e da riqueza em mãos de poucos, no aumento das desigualdades, na persistência das discriminações e na destruição do meio ambiente.

2. O conflito capital/trabalho, todavia, persistirá, seja qual for a forma de relação constituída, uma vez que o trabalho (ainda que não a relação de emprego) permanecerá como eixo central da vida social, psíquica, econômica e cultural das pessoas. Esse nosso conhecimento acumulado é vital para descobrirmos novas formas de enfrentar esta realidade, buscando identificar problemas, desafios e conflitos emergentes os quais a LBS pode – e deve – ajudar a solucionar.

3. O trabalho, ao se assumir como dimensão fundante do ser humano em ser social, torna-se, dessa forma, vetor estruturante da integridade da pessoa humana, nas suas múltiplas relações e direitos que devem ser defendidos, ampliados e garantidos, tanto individual, quanto coletivamente. Todo aquele que vive do seu trabalho, independentemente da forma jurídica, tem direito a uma vida digna, decente e a um futuro menos desigual, que seja mais solidário, com respeito às culturas, às diferenças e ao meio ambiente.

4. Nesse contexto, compete-nos realizar esforços e nos empenhar para ajustar o foco de nossa organização. Um desafio que não será solucionado de maneira automática ou inercial: depende de dedicação, entrega, paixão e profissionalismo. São esses os fatores aos quais precisamos nos arraigar, para:

a) partindo da nossa missão e dos nossos valores, combinados com o mundo do trabalho (que é formal, informal, relacional, via plataforma ou de qualquer tipo de ocupações que exista), construir um novo enfrentamento e de criação de valor;

b) utilizar nossos conhecimentos e experiências com objetivo de mediar, conciliar e arbitrar a favor das relações individuais e coletivas dignas e justas;

c) nos preparar a um ofício jurídico em que o conhecimento não se encontra apenas no vernáculo rebuscado e peticionário da escrita legal; agora precisa ser dialogado socialmente, manifestado, disseminado e argumentado;

d) não sermos apenas tecnocratas do Direito, mas ativos, participativos e inseridos socialmente, com a nossa capacidade de relacionamento sendo um de nossos diferenciais;

e) que toda solução e discussão de problemas trabalhistas e de suas esferas de direitos, da pessoa ou dos coletivos, necessariamente passe por nós;

f) que estejamos preparados a estabelecer diálogos que estejam além das nossas habituais fronteiras do conhecimento jurídico trabalhista. Não é suficiente sermos advogados e advogadas constitucionalistas, civilistas ou trabalhista. Faz-se imprescindível sermos defensores e defensoras de diretos! Permitir-nos transitar por outras áreas acadêmicas e pela nossa realidade social, com desenvolvimento de competências que nos ajudem a interpretar o mundo à nossa volta em toda a sua complexidade;

g) que, com essa nova perspectiva, a pessoa humana e seus direitos, além do foco trabalhista, sejam percebidos pelas suas relações de identidades, com as situações que envolvam mulheres, negros, indígenas, LGBTQIA+, migrantes, refugiados, deficientes e demais vulneráveis, assumidas como causas de clientes que serão defendidas pela LBS;

h) que o conhecimento geral e a formação sólida, combinado com a capacidade de avaliação de riscos e a visão estratégica na defesa dos direitos da pessoa e dos coletivos, torne-nos advogadas e advogados do futuro, para o futuro da LBS.

5. No passado, conversávamos sobre um escritório com várias sedes, as quais demandavam ajustes para que realmente se integrassem em um só escritório. Esse movimento, apesar de ser preocupação constante em todos esses anos pós-2013, permanece como desafio. E é fundamental para o futuro da LBS que ela efetivamente seja única, igual, não importando a quantidade de sedes ou de fronteiras que tenhamos. Os procedimentos, os objetivos, as práticas e as formulações devem ser harmônicas e uniformes entre as unidades, para todos.

6. A sequência futura nos reserva, também, um papel em que a centralização de coordenações cabe ser diferenciada. Deveremos ter especialistas, propiciando os desdobramentos do item 1 acima, mas também coordenações voltadas para o papel de gestão e negócios, olhando de forma efetiva e estratégica os movimentos e os momentos das carteiras de clientes, distanciando-se da mera burocracia gerencial.

PRESENTE – Estar aberto a qualificar-se, a discutir, a vivenciar a crítica de forma construtiva, sem defensivas ou dogmas. Ter mobilidade, ter presença e liderança. Ter empatia e envolver-se verdadeiramente com os direitos e as garantias que nos fazem verdadeiros profissionais militantes.

Para não ser “mais ou menos”, o desafio é ser por inteiro, íntegros! Nosso “Ethos” se constrói essencialmente fundado nas experiências, mas sempre com o desafio de olhar e enfrentar, corajosamente, o medo do desconhecido.

A gente chega lá!