No ano em que o Itaú completa 100 anos de fundação e obteve um lucro de mais de R$ 41 bilhões, constatam-se a crueldade e perversidade dos banqueiros com a categoria bancária, especialmente com 25 mil trabalhadores aposentados da instituição, à qual se dedicaram por décadas.
Em uma decisão unilateral, o banco reajustou em 2024 o plano de saúde desse segmento, o que causou profundos transtornos aos milhares de aposentados e seus familiares.
O ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, deputado Luiz Cláudio Marcolino (PT-SP), que é funcionário do Itaú, denunciou a situação na tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo, destacando que, “após o término do período de manutenção da contribuição pelo banco, garantido na Convenção Coletiva dos bancários, os valores foram reajustados a preço de mercado, e os aposentados foram obrigados a migrar de um plano coletivo para um individual, sem subsídio do Itaú”. Firmado pela categoria e a instituição conforme a legislação determina, o acordo estava em vigor havia mais de 20 anos, mas foi rasgado pelo banco.
Mobilização
Desde o ano passado, a Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú e aposentados vêm se reunindo com representantes da instituição, que estão irredutíveis para cumprir o acordo que estava em vigor. O plano de saúde dos aposentados tem sido o tema de inúmeras reuniões entre a COE e aposentados do banco.
O motivo é que muitos aposentados estão indignados com os valores abusivos do plano de saúde na aposentadoria, cobrados após cessar o período da manutenção da parcela de contribuição do banco, garantido na Convenção Coletiva de Trabalho. Há casos em que o valor da mensalidade aumentou em exorbitantes R$ 3.000,00. O valor do plano individual chega a R$ 1.929 por pessoa, o que pode resultar em uma despesa de quase R$ 4 mil por casal, impondo um fardo insustentável para muitos.
“Queremos que as mensalidades sejam reduzidas para valores compatíveis com a renda dos aposentados”, afirmou Louraci Morais, aposentada do Itaú e ex-diretora do Sindicato dos Bancários de Brasília e da direção da Fetec Centro Norte. “Nas condições atuais, o plano se torna inviável”, completou.
A ação dos dirigentes sindicais tem mobilizado os aposentados do Itaú em todo o país para reuniões e ações públicas para denunciar a ilegalidade do banco, como manifestações de rua, com a participação de aposentados que têm se manifestado em passeatas e atos.
Em 4 de fevereiro, foi realizada outra reunião entre representantes da COE e da Comissão de Aposentados e do Itaú para discutir a pauta de reivindicações da categoria. O banco segue sem dar uma resposta que atenda às reivindicações.
A representação dos trabalhadores voltou a pedir ao Itaú a suspensão dos reajustes no plano até que o banco apresente uma proposta que leve em conta as reivindicações dos aposentados e atenda às exigências do Ministério Público do Trabalho. A próxima negociação com mediação do MPT acontece hoje, 10 março.
Os trabalhadores bancários reivindicam:
• Garantia de isonomia entre aposentados e funcionários ativos nos critérios de subsídio e custeio do plano de saúde;
• Possibilidade de optar pelo Plano Especial I como primeira escolha;
• Aplicação de índices como INPC ou IPCA nos reajustes das mensalidades e critérios iguais para reembolsos;
• Reingresso ao plano para aqueles que tiveram que sair por dificuldades financeiras, com prazo de adesão de até 60 dias;
• Migração para o Plano Especial I para aposentados em outros planos, com prazo de 60 dias;
• Retorno da Porto Seguro Saúde como operadora principal, ou outra de referência regional com condições similares;
• Suspensão de reajustes até o fim das negociações no Ministério Público do Trabalho;
• Ressarcimento de valores cobrados a maior nos últimos cinco anos, corrigidos conforme a lei;
• Representação de aposentados no conselho da Fundação Saúde Itaú. Além disso, foi solicitado dados sobre o número de aposentados por sindicato, garantindo mais transparência.
O Sindicato dos Bancários de Brasília seguirá denunciando essa nefasta ação do Itaú e mobilizando a categoria, juntamente com as demais entidades dos bancários e bancárias de todo o Brasil, articuladas pela Contraf-CUT, até que seja garantido o cumprimento da Convenção Coletiva dos bancários ou a assinatura de um novo acordo que assegure o direito ao plano de saúde por até nove meses após a saída, conforme o tempo de serviço no banco.
A mobilização da categoria que segue na ativa, assim como dos aposentados e aposentadas, é a força necessária para garantir o direito à dignidade daqueles que dedicaram uma vida ao banco, permitindo que, em seu centenário, ele alcançasse lucros bilionários. Itaú, respeite quem teve papel decisivo para que isso acontecesse.