FUP: diesel deve chegar a R$ 10 no segundo semestre, com risco de racionamento

Escassez é agravada pelo desmonte da Petrobras, que vem privatizando refinarias e cortando investimentos no setor do refino

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) alerta que o litro de óleo diesel deve chegar a R$ 10 no segundo semestre. Os estoques globais de combustíveis estão em “níveis historicamente baixos” e os preços do petróleo no mercado internacional seguem em alta. Além disso, a demanda interna por diesel deve aumentar em função da próxima safra agrícola, no meio do ano. Assim, em nota publicada nesta sexta-feira (3), os petroleiros destacam “impactos ainda mais severos” sobre a inflação.

Diante desse quadro, a FUP prevê risco de desabastecimento de diesel no Brasil, com “probabilidade de racionamento” entre julho e agosto. O coordenador-geral da federação, Deyvid Bacelar, destaca que atualmente os estoques de diesel da Petrobras correspondem a apenas 14 dias de produção.

“A crise está contratada”, afirma Bacelar, que criticou a “inoperância” do governo Bolsonaro diante da iminente “ameaça à segurança nacional”. Para ele, faltam decisões em tempo hábil para ampliar as importações e os estoques de diesel. Atualmente, cerca de 25% do diesel consumido no Brasil é importado. Apesar desse cenário dessa dependência, Bolsonaro “empurra com a barriga” o problema.

“Bolsonaro continua com a política de desmonte da Petrobras, com a venda de refinarias, redução de investimentos no setor e obras que não concluiu. Além da manutenção do equivocado Preço de Paridade de Importação (PPI)”, observa Bacelar. Por causa do PPI, o preço do óleo diesel bateu novo recorde em maio, chegando a R$ 7, em média, o maior valor em 18 anos.

Mercado internacional

Análises feitas pela área econômica da FUP indicam que estão dadas as condições para nova escalada de preços dos combustíveis. Assim, devido à desorganização do mercado de petróleo, por conta da guerra na Ucrânia e das sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia à Rússia, a gasolina e o diesel estão cerca de US$ 60 acima do preço do petróleo por barril.

Desse modo, os petroleiros projetam que o barril de petróleo poderá chegar à faixa de US$ 120 nos próximos dias. Da mesma forma, não está descartada a possibilidade de atingir US$ 130/US$ 140 no final de junho ou início de julho. Soma-se a isso o preço do frete do diesel importado, que pode fazer o barril do combustível chegar a até US$ 200.

Como resultado, distribuidoras no Brasil já sentem dificuldades de importações de derivados. Antes da guerra, segundo a FUP, quando pedia uma cotação de carga, o distribuidor recebia cerca de 20 propostas comerciais; agora, dificilmente consegue mais do que uma cotação por dia.

Além disso, consultorias do setor preveem um segundo semestre mais difícil, não somente pela temporada de furacões nos Estados Unidos (junho a novembro), como também pelo aumento de demanda do derivado no Hemisfério Norte.

Fonte: Rede Brasil Atual