Em intensa mobilização ao longo desta semana, servidores da Fundação Nacional do Índio – Funai realizam uma série de atividades em defesa da segurança da categoria e dos indígenas e contra os ataques da atual gestão da entidade que. nomeada pelo governo Bolsonaro, implementa práticas contrárias ao objetivo para o qual foi criada. Uma comissão, composta pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores grevistas participou, nessa quarta-feira (15), de audiência na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados onde foi ouvido o Ministro da Justiça, que se negou a receber os representantes dos servidores. Em seguida, os servidores se encaminharam para a frente da sede da Funai em Brasília, onde realizam, há algumas noites, vigília por justiça ao indigenista Bruno Araújo Pereira e ao jornalista Dom Phillips.
Além de buscar respostas para o desaparecimento dos ativistas, os servidores da Funai denunciam a omissão e as mentiras espalhadas pelo governo brasileiro sobre Bruno e Dom; também exigem afastamento do presidente da Fundação, Marcelo Augusto Xavier da Silva. Segundo a categoria, Xavier mentiu quando afirmou que os ativistas desaparecidos não teriam autorização para entrar na área indígena e estaria mais preocupado em atacar o indigenista do que proteger os servidores que trabalham em campo. Os servidores também reivindicam a suspensão da criminalização do movimento indígena, o deslocamento da Força Nacional e do aparato de segurança do Estado para proteger trabalhadores da Funai que atuam no Vale do Javari e a constituição de uma força tarefa de servidores da Fundação para ajudar os colegas da área nas buscas, que tem sido alvo de constantes invasões por garimpeiros, madeireiros e traficantes.
Ação coordenada
Presente na assembleia da categoria, que foi realizada na manhã dessa quarta (15), o presidente da CUT-DF, Rodrigo Rodrigues, afirmou que o desmonte da Funai não é uma situação isolada, mas parte de uma ação coordenada do governo federal, que visa destruir a soberania nacional, as riquezas do povo brasileiro e as Instituições.
O líder sindical citou a Emenda Constitucional 95, que congelou gastos públicos com saúde e educação por 20 anos, a reforma trabalhista, cuja consequência foi a retirada de direitos da classe trabalhadora e o fim da Previdência. Rodrigues citou ainda a luta dos servidores do INSS, a privatização da Eletrobras e as tentativas do governo Bolsonaro de realizar o mesmo processo com os Correios.
“Sabemos que não se trata de descaso nem descuido do governo, mas de um projeto. Isso é algo que precisamos refletir nesse momento. Em 2014, o Diap mostrou que mais de 2/3 do congresso eleito representava o setor de segurança pública, detentores da violência, os ruralistas que estão avançando sobre as áreas indígenas e a bancada vinculada ao fundamentalismo religioso. Em 2018, essas representações no Congresso aumentaram ainda mais”, destacou o presidente da CUT-DF.
“Só temos uma indígena como parlamentar e a classe trabalhadora não está representada como deveria estar. Temos a responsabilidade de mudar isso e construir um país com soberania, justiça, educação e proteção aos povos originários. Contem com a Central Única dos Trabalhadores e nossos sindicatos filiados”, afirmou Rodrigo Rodrigues.
O desmonte que a Fundação Nacional do Índio sofre desde 2019 foi registrado a partir de documentos públicos, depoimentos de servidores, materiais da imprensa e produções de organizações da sociedade civil. Os dados, que mostram a assustadora desvirtuação da Fundação e os ataques aos povos originários que se seguiram, estão disponíveis no Dossiê “Fundação anti-indígena: Um retrato da Funai sob o governo Bolsonaro”, que pode ser acessado aqui: https://www.inesc.org.br/fundacao-anti-indigena-um-retrato-da-funai-sob-o-governo-bolsonaro/
Fonte: CUT-DF
