Em 15 estados e 12 capitais, UTIs para covid já têm mais de 60% de ocupação

Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso e Goiás e mais sete capitais estão em “alerta crítico”, com mais de 80% dos leitos ocupados

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O enorme salto dos casos de covid-19 registrado nas duas primeiras semanas de janeiro no Brasil aumentou a pressão sobre os sistemas de saúde, volta a alertar o Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Segundo estudo, um dos resultados provocados pela predominância da variante ômicron no país é que a taxa de ocupação dos leitos de UTI cresceu. Uma nota técnica foi divulgada pela Fiocruz nesta quinta (20), com base nos dados da última segunda-feira (17).

Quatro estados – Pernambuco (86%), Espírito Santo (80%), Mato Grosso (84%) e Goiás (81%) – estão na “zona de alerta crítico”. Entre as capitais, a situação é mais grave em Cuiabá, com 100% dos leitos ocupados. Depois vêm Rio de Janeiro (95%), Belo Horizonte (88%), Recife (80%) e Fortaleza (85%).

Logo abaixo, 11 unidades da federação estão em “alerta intermediário”: Amazonas (77%), Roraima (60%), Pará (63%), Tocantins (76%), Maranhão (60%), Piauí (67%), Ceará (71%), Rio Grande do Norte (65%), Bahia (66%), Mato Grosso do Sul (65%) e Distrito Federal (74%). E também as capitais Vitória (78%), Manaus (77%), Brasília (74%), Campo Grande (77%), Goiânia (77%), Palmas (69%), São Luís (68%), Teresina (66%), Porto Velho (66%), Salvador (65%), Curitiba (61%) e Boa Vista (60%).

Verão

Apesar do alerta, os pesquisadores afirmam que o cenário é diferente do ocorrido entre março e junho do ano passado. Atualmente, a quantidade de leitos de UTI para covid é muito menor. No entanto, 12 estados e o Distrito Federal voltaram a abrir leitos de terapia intensiva neste ano para atender ao aumento da demanda.

O boletim da Fiocruz chama a atenção para o caso de Pernambuco. O estado conta com 923 leitos de UTI para a Covid, a maior rede entre os estados do Nordeste. Ainda assim, as taxas de ocupação seguem em alta. O grande número de turistas durante o verão pode tornar o quadro mais crítico.

Ômicron mata

Dos dias 2 a 15, o país registrou uma média de 49 mil casos diários de covid. Esse número é quatro vezes maior que o registrado em igual período do mês anterior, o que indica o avanço da ômicron. No entanto, esse crescimento não veio acompanhado por um aumento proporcional da mortalidade, segundo a Fiocruz. Nas duas primeiras semanas de janeiro, foi registrada uma média de 130 óbitos diários, com “pequeno aumento” em relação a dezembro.

Para os pesquisadores, essa redução da gravidade dos casos se deve à já alta cobertura vacinal no Brasil. Similarmente, países como Grã-Bretanha, Portugal e Argentina, registraram pressão nos hospitais, mas com menor ocupação das UTIs e taxas mais baixas de letalidade. Isso porque também contam com altos níveis de vacinação.

Para a primeira dose, o Brasil tem hoje patamar de cobertura vacinal superior ao de países como Alemanha e Inglaterra. Na segunda dose, o país também supera os Estados Unidos.

Por outro lado, em países do Oriente Médio e da Europa Oriental, onde a imunização não avançou no mesmo ritmo, os índices de letalidade têm se mantido elevados. “O que mostra que a variante ômicron pode, em contextos de baixa cobertura vacinal, causar um aumento de quadros clínicos graves e levar à morte grande parte dos infectados”, ressaltam os pesquisadores da Fiocruz.

Perfil demográfico

Sobre o perfil demográfico das internações, o boletim da Fiocruz aponta para tendência de rejuvenescimento Houve um aumento da participação de adultos mais jovens, entre 20 e 39. Também foi “bastante notável” o aumento da participação de crianças de até 2 anos. Nesse sentido, trata-se de uma “preocupação”, já que o Brasil tem um “problema crônico” na oferta de leitos para essa faixa etária. E são ainda mais vulneráveis porque ainda não tiveram acesso às vacinas.

Por outro lado, cresceu a contribuição dos grupos de 80 anos ou mais, tanto nas internações como nos óbitos. Para os pesquisadores, o cenário é de “incerteza”. “Para as internações em UTI parece haver uma nova forma de distribuição, em que adultos mais jovens e idosos menos longevos passam a compartilhar o perfil que mais requer cuidados intensivos. As próximas semanas poderão alterar essa dinâmica.”

Fonte: Rede Brasil Atual