Denúncias de problemas envolvendo a terceirização na Diretoria de Tecnologia (Ditec) do Banco do Brasil não param de chegar ao Sindicato. Segundo os relatos indignados, há uma obstinação das gerências da Gesec em aviltar os Assessores de TI, como algo que parece não ter fim. O sentimento de impunidade por parte de quem deveria ser conciliador e facilitador dos processos favorece comportamentos de autoritarismo, opressão e desrespeito. Embora o Sindicato esteja alertando continuamente sobre os desvios praticados, parece que gestores persistem em adotar condutas que vão na contramão da ética, desprestigiando os Assessores em TI em relação aos terceirizados da BBTS.
Uso das questionáveis metodologias ágeis para conformar práticas trabalhistas irregulares
Usando de forma distorcida a questionável metodologia Squad, uma forma de organizar equipes multidisciplinares autogerenciáveis, as gerências delegam funções de liderança a certos contratados notoriamente inaptos e inexperientes, em detrimento de Assessores de TI nível 1 altamente capacitados. Com isso, há um risco iminente de ações trabalhistas reivindicando equiparação salarial com base nos salários dos especialistas e até mesmo dos cargos gerenciais.
Outra denúncia que o Sindicato irá apurar com rigor para encaminhá-la ao banco diz respeito ao nepotismo disfarçado, promovido em favor de parentes de primeiro grau dos gestores da Gesec, por meio de suas contratações como quarteirizados da BBTS.
A inversão de valores é tamanha que os Assessores de TI são expressamente ‘orientados’ a apenas dar suporte aos contratados para que os méritos das entregas sejam desses terceirizados ou quarteirizados. Assim, os contratados recebem de ‘mão beijada’ as expertises, e os Assessores, revoltados, ficam ‘chupando dedo’.
Nesse aspecto, também é importante ressaltar que as gerências continuam a motivar inescrupulosamente os Assessores de TI a darem um ‘tiro no próprio pé’, divulgando resultados do crescente aumento dos atendimentos “realizados” pela BBTS, que, na data desta publicação, já ultrapassam 90% das entregas, com a meta de atingir 100% ainda no primeiro semestre de 2025.
Também apresentam pesquisas de satisfação que prestigiam os contratados em detrimento aos Assessores de TI, sendo que tais dados são extraídos de bases não divulgadas e sem contar que critérios de apuração desses índices não são devidamente esclarecidos e declarados.
Os KB (Knowledge Base), que compõem a Base de Conhecimento Técnica, são produzidos pelos Assessores de TI para servir de insumo aos terceiros. Ou seja, a inteligência do negócio é ditada pelos funcionários, a serviço da clara intenção de precarização e desmonte dos direitos trabalhistas.
A autonomia dos contratados também inclui o direito de agendar reuniões com clientes internos e externos, sem a necessidade de anuência ou participação de algum Assessor de TI.
Por que está desvirtuado o processo de terceirização
Num processo de terceirização, a empresa contratada deve fornecer mão de obra especializada e ferramentas de hardware e software, o que não acontece na prática ali.
Quanto à Ditec, especialmente à Gesec, não há nada que justifique o inchaço de contratados, uma vez que os Assessores sempre deram conta das demandas e nunca houve qualquer razão que justificasse a substituição ou adequação das competências desses profissionais. Existem equipes em que a proporção de funcionários em relação ao contingente de contratados chega à absurda margem de 1 para 7,67.
Um trecho da denúncia é o seguinte: “A propósito, os Assessores estão a cada dia, num crescendo, sem atividades, o que caracteriza uma das formas de assédio mais cruéis e devastadoras. Estão sendo orientados a preencher seus tempos de jornada a partir da realização de cursos uma vez que as demandas estão sendo integralmente cumpridas pelos contratados a partir da ‘assessoria’ e ‘suporte’ fornecidas pelos funcionários. A grande maioria dos Assessores cumpriu a cota anual exigida de cursos já em fevereiro”.
Qual é o objetivo de realizar tantos cursos se, na prática, quem promove as entregas são os contratados? Não é pequeno o número de Assessores que já duplicaram, triplicaram ou até quadruplicaram a cota exigida, pois se veem sem atividades e precisam justificar suas jornadas de trabalho.
Mais riscos para o BB
Outra questão que oferece risco significativo ao BB é a concessão tresloucada de acessos a papeis e às bases de dados, que eram exclusivamente permitidos aos funcionários. Riscos de terem dados de clientes vazados por razões escusas não podem ser deixados de lado. Afinal, o BB sempre primou pela confidencialidade dos dados e zelou pela reputação de empresa pública e tradicionalmente segura.
Da Redação