Dieese faz um contraponto à visão de Paulo Guedes sobre a importância dos bancos públicos

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Análise do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) reforça a importância dos bancos públicos no Brasil, em contraponto à visão de Paulo Guedes, ministro da Economia, e sua tentativa de manipulação pública dos dados de salários dos trabalhadores das estatais.

O destaque é para o papel fundamental desses bancos no desenvolvimento do país e sua forte atuação na concessão de crédito em alguns segmentos, como o rural e o imobiliário, bem como na execução dos programas sociais do governo, como foi o caso da concessão do auxílio emergencial ocorrida durante a pandemia do Covid-19, por exemplo.

O Dieese lembra que, na crise financeira mundial, ocorrida a partir de 2008, os bancos públicos brasileiros atuaram, fortemente, com políticas anticíclicas, ampliando a concessão de crédito, principalmente nos financiamentos aos setores industrial, agrícola e habitacional, como parte de uma estratégia do governo para enfrentar a crise econômica internacional.

Em 2012, esses bancos foram novamente utilizados como instrumento de política econômica, ao serem acionados pelo governo Dilma, reduzindo suas taxas de juros na tentativa de reduzir o spread bancário do sistema financeiro nacional – um dos mais elevados do mundo naquele momento.

Em 2019, os três maiores bancos públicos do país (BNDES, BB e Caixa) somaram R$ 57,0 bilhões de lucro líquido, gerando receita suficiente para pagamento de seus empregados e pagando R$ 18,2 bilhões de dividendos ao seu principal acionista, o Tesouro Nacional (TN).

Portanto, de acordo como Dieese, a divulgação do Relatório de Benefícios das Empresas Estatais, no dia 2 de fevereiro, tem a intenção de passar a ideia mentirosa de que os salários de trabalhadores de empresas estatais são pagos pelos contribuintes com recursos do orçamento público, supostamente retirando recursos de outras áreas. “O argumento é falacioso, na medida em que essas estatais são superavitárias e lucrativas”, enfatiza o Dieese.

Lucros e dividendos

Por meio de gráficos e tabelas, o Dieese mostra a evolução do lucro e dividendos que, desde 2002, os três maiores bancos públicos têm gerado e pago ao Tesouro Nacional. Aponta que os governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro têm reduzido cada vez mais a atuação dos bancos públicos na concessão do crédito. E afirma que, se, de fato, o atual governo buscará reativar a economia, necessitará muito da atuação desses bancos como instrumento de política anticíclica.

Com relação ao crédito regional, o Dieese reitera a importância da participação dos bancos públicos no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, onde ultrapassa a 85% do total de crédito destas regiões, e no Sul corresponde a 76,5%.

Agências

O Dieese destaca ainda que, para um melhor atendimento à população é importante que as agências bancárias se situem nos 5.590 municípios do país. Hoje existem 2.106 municípios sem agências, mas esse número já foi menor no passado, segundo o Banco Central. Em 2016, por exemplo, eram 1.768 municípios sem agências. Os bancos, tanto os públicos quanto os privados, têm reduzido, substancialmente, o número de unidades pelo país. Enquanto em 2014, o BB tinha 5.424 agências bancárias, em 2020, esse número é de apenas 4.368, redução de 1.156 unidades em seis anos.

Sobre o Relatório de Benefícios das Empresas Estatais Federais, o Dieese pondera que a divulgação e sistematização de salários e benefícios pagos em empresas estatais poderia ser encarada como medida salutar e transparente, ao contrário do que é feito, uma vez que, de forma distorcida e equivocada, tentam confundir e desinformar, para colocar a população brasileira contra trabalhadores de empresas públicas, com o objetivo claro de facilitar o desmonte e a privatização dessas empresas, que são patrimônio do próprio povo brasileiro.

Concluindo, o Dieese rechaça a postura do governo de não levar em conta o papel fundamental das empresas estatais, em especial dos bancos públicos, para o para o desenvolvimento do país e para o aquecimento da atividade econômica e geração de emprego, principalmente neste momento de crise profunda que o país vive.

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