Denúncias de privilégios da alta cúpula do Banco do Brasil: Sindicato exige explicação, direito à testagem e medidas de proteção a todos

0

#TodasAsVidasTrabalhadorasImportam

Denúncias recebidas pelo Sindicato dos Bancários de Brasília apontam que o Banco do Brasil está tratando de maneira diferenciada seus funcionários. O banco dificulta a implementação da testagem dos trabalhadores que atuam na linha de frente, que se expõem ao risco de contaminação pelo novo coronavírus, mas oferece, segundo as denúncias, testagem periódicas a altos executivos da sede administrativa, no Edifício da 201 Norte, em Brasília.

“Quanto ao direito à testagem, nós exigimos que seja assegurado a todos os trabalhadores bancários e terceirizados que atuam no banco. Em hipótese alguma pode figurar como privilégio, restrito a um grupo seleto. Se isso de fato estiver ocorrendo, é um escandaloso e completo absurdo”, destaca Kleytton Morais, presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília e funcionário do Banco do Brasil.

O presidente informa que o Sindicato buscou a empresa e apresentou essas denúncias nos últimos dias e requereu imediata averiguação e explicação do banco em relação à situação, o que não ocorreu até agora.

“O momento é extremamente delicado e jamais admitiremos negligências com a vida. O Sindicato convoca os colegas, demais trabalhadores e clientes a se manifestarem diante desse absurdo. #TodasAsVidasTrabalhadorasImportam: não há efetividade numa política de segurança quando apenas uma parcela dos funcionários é abrangida e testada periodicamente”, destaca Marianna Coelho, que é representante dos trabalhadores na mesa de negociação com o Banco do Brasil, funcionária da instituição e secretária de Assuntos Jurídicos do Sindicato.

Outras denúncias recebidas indicam que alguns altos executivos em distintas áreas, como governo, tecnologia e secretaria executiva, tem vice–presidentes, diretores e, inclusive, um assessor especial da presidência do banco testando positivo para Covid–19. “Isso expõe a situação de fragilidade, ainda mais porque não há informação de que o banco tenha cumprido o protocolo nesses casos, que seria colocar em isolamento social e testar todos os colegas que compartilharam o ambiente de trabalho”, observa Kleytton.

O desfecho dessas omissões e aberrações, lamentavelmente, chegou com a perda de uma vida impactada pela Covid-19. A notícia do óbito de trabalhador terceirizado, garçom que atuava junto à presidência do BB, é profundamente lamentável. “Manifestamos a nossa irrestrita solidariedade aos familiares, amigos e colegas. E buscamos hoje, inclusive, a representação sindical dos trabalhadores terceirizados do asseio e conservação e reiteramos nosso compromisso em atuarmos conjuntamente”, explica o dirigente.

O movimento sindical tem destacado a importância e exigido em diversos momentos em mesa de negociação com os bancos a manutenção, ampliação e garantia dos protocolos de segurança a todos os trabalhadores, ou seja, aplicando-os tanto para os bancários quanto para os terceirizados, como são exemplo os vigilantes, recepcionistas, copeiros, garçons, pessoal da BBTS, enfim todos. Não tem lógica, nem efetividade, o cuidado seletivo. “A defesa da vida de todos, sem negligências, é o ponto”, reforça Marianna.

A semana, que começou complicadíssima, conta ainda com a notícia de “comunicado” dirigido a administradores do banco, mal interpretado e sem quaisquer cuidados com a interveniência técnico-científico, a orientar a decisão ali constante que criou, a partir das diversas denúncias que chegaram à direção do Sindicato, um verdadeiro quadro de terror para os colegas que coabitam com pessoas do grupo de risco que veem na decisão do banco ameaça às vidas de seus familiares.

A alta cúpula do BB parece querer assumir de vez o absurdo sem modéstia, o que deixa evidente ao negligenciar a saúde em contraponto aos negócios, ou seja, pôr o lucro acima da vida, essa coqueluche dos ultraliberais ortodoxos, que abandona quaisquer compromisso e cultura do cuidado, e assim tenta fazer da tragédia, normalidade.

Por fim, o Sindicato repudia a postura irresponsável materializada na conduta pública que o presidente do banco, entre outras, adota ao desprezar o uso de máscara em reuniões ministeriais do governo Bolsonaro e de trabalho dentro das dependências do BB, num comportamento ideológico e irresponsável que acaba incentivando outros altos executivos a seguirem a mesma linha, pondo em risco a vida e saúde de todos.

Da Redação