Coronavírus: Sindicato propõe medidas de proteção aos bancários e assegura criação de comitê de crise bipartite

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Em reunião realizada nesta segunda-feira (16), por videoconferência, o Sindicato dos Bancários de Brasília cobrou da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) a adoção e a ampliação de medidas que resguardem a saúde e a segurança dos bancários, clientes e usuários em decorrência dos riscos de contaminação pelo coronavírus.

Entre as reivindicações feitas pelo Sindicato, destaca-se a imediata disponibilidade e implementação do home office e teletrabalho para todas as áreas possíveis, priorizando a oferta desta modalidade de trabalho aos bancários do grupo de risco, assim considerados idosos, diabéticos, hipertensos, doentes renais crônicos, portadores de doença respiratória crônica e gestantes, além dos pais com filhos menores e em idade escolar, visto que no DF, face à gravidade da pandemia, na semana passada, decreto suspendendo aulas e antecipando recesso escolar ocasionou uma reorganização nos cuidados de pais e mães que passam a levar seus filhos para o trabalho.

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Por outro lado, o Sindicato reforçou também a atenção especial com a área de autoatendimento, destacando ser esta uma preocupação dos bancários e bancárias, diante do intenso fluxo e concentração de pessoas.

Outra questão debatida é saber quais serão os procedimentos adotados pelos bancos. Neste sentido, ficou acordada a criação de um comitê de crise bipartite (sindicato e bancos) para tratar das medidas a serem tomadas pelos bancos, decorrentes dos compromissos assumidos em mesa de negociação, do monitoramento e atualização das diretivas da Organização Mundial da Saúde (OMS), bem como as orientações das autoridades de saúde, objetivando a proteção de toda categoria.

Os representantes dos bancos disseram que existe sensibilidade em relação às reivindicações do movimento sindical. No que se refere à implementação de medidas como o home office e o teletrabalho, comprometem-se a recomendar que sejam adotadas por todos os bancos, além de salientar que algumas instituições já se anteciparam em algumas dessas medidas.

A este respeito, pode-se citar a Caixa, que recentemente soltou comunicado prevendo a possibilidade de adoção do trabalho remoto em casos específicos, ou seja, aplicável àqueles funcionários enquadrados no grupo de risco informado pela empresa, cujo alcance desconsidera situações já tipificadas tanto pela OMS quanto pelas autoridades de saúde. “Esta orientação precisa ser atualizada e ampliada. A Caixa precisa explicar os critérios claramente e informar os canais que devem ser utilizados para cada solicitação”, reivindicou Fabiana Uehara, funcionária da Caixa e secretária-geral do Sindicato, que também participou da negociação.

As reivindicações apresentadas a Fenaban pelo movimento sindical foram:

– Retirada dos bancários do serviço no autoatendimento;
– Controle de acesso às agências, para que não haja aglomerações; – Suspensão temporária das atividades de agências em áreas de risco, como aeroportos e hospitais;
– Comunicação preventiva sobre os cuidados a serem tomados por todos, para evitar notícias erradas ou inverídicas;
– Transparência das informações com os trabalhadores e os sindicatos;
– Adoção do teletrabalho e, nos casos em que isso não for possível, a antecipação das férias;
– Antecipação da campanha de vacinação da gripe, como forma de facilitar a identificação dos casos de coronavírus;
– Suspensão das demissões;
– Suspensão da cobrança de metas;
– Reforço nos procedimentos de limpeza dos locais de trabalho;
– Adoção de quarentena para bancários que voltarem de viagem ao exterior.

Atuação do Sindicato dos Bancários de Brasília tempestivamente na semana passada, quando oficiou todos os bancos do DF, assegurou alguns procedimentos que passaram a ser adotados pelos bancos, como por exemplo a comunicação preventiva; o reforço na limpeza e a adoção da quarentena para aqueles que retornem de viagens ao exterior.

Em seguida, em articulação com o Comando Nacional dos Bancários, foi solicitada a antecipação da campanha de vacinação. Na negociação desta segunda-feira, os bancos disseram que o atendimento da reivindicação depende de se vencer tramites burocráticos com a Receita Federal e a Anvisa, mas que já conseguiram antecipar o início da campanha de vacinação de 22 para o dia 15 de abril, ou data mais favorável.

Para o presidente do Sindicato, Kleytton Morais, a implantação do comitê de crise bipartite (sindicato e bancos) poderá ser um mediador importante na adoção de medidas de impacto para contenção das situações de contágio e proliferação do coronavírus entre os trabalhadores, familiares e clientes, quer pela possibilidade da atualização e implementação permanente das recomendação das autoridades e órgãos de saúde, quer pelo compartilhamento de medidas porventura adotadas em diferentes bancos, bem como pelo acompanhamento e correção de situações já acordadas com as instituições e os sindicatos. “Em relação à adoção do teletrabalho ou home office para pessoas do grupo de risco, grávidas e pais de menores em idade escolar, queremos que seja uma determinação da Fenaban aos bancos e não uma recomendação, considerando a gravidade do avanço da doença e a real possibilidade de implementação da medida pelos bancos”.

Para o Sindicato, em última instância, quando não for possível a implementação do teletrabalho, que sejam liberadas, ou antecipadas, as férias aos bancários que fazem parte do grupo de risco, e caso não tenham atendidas esta ou outras situações que eles entrem em contato com o sindicato pelo canal centraldeatendimento@bancariosdf.com.br.

“É importante que os bancários mantenham o Sindicato informado para que os bancos sejam cobrados a apresentar solução para cada um dos problemas que aparecerem”, concluiu Kleytton.

Garantia da ultratividade da CCT

Dada a necessidade de suspensão das conferências regionais, estaduais e nacional, além dos congressos e encontros específicos dos trabalhadores de cada banco, para evitar aglomerações e a propagação da doença, o Sindicato e o Comando Nacional dos Bancários solicitaram à Fenaban a ultratividade dos direitos garantidos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, que vence em 31 de agosto de 2020.

“É importante tanto para os bancários quanto para os bancos que nossa Campanha Nacional seja representativa e garanta o direito de participação de todos. Nossas conferências começariam agora, mas assim como cobramos dos bancos, nós também temos que nos somar ao esforço para garantir a saúde da categoria”, explicou Juvandia Moreira, Presidenta da Contraf – CUT.

A Fenaban levará o tema para ser debatido com os bancos e responderá ao Comando Nacional assim que possível.

Defesa do SUS

Após o fim da reunião com a Fenaban, o Comando Nacional dos Bancários permaneceu reunido e destacou a importância da defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e da revogação da Emenda Constitucional 95/2016, que limita os investimentos públicos nas áreas da saúde, educação e diversas outras políticas sociais.

“Neste momento de crise, os hospitais particulares estão se recusando a atender e a realizar testes em pacientes com suspeita de coronavírus. A situação no país só não está ainda pior porque temos o SUS. Precisamos defender e lutar por mais verbas para a Saúde, assim como a pesquisa científica”, criticou Juvandia. “A Emenda Constitucional 95 precisa ser revogada”, concluiu.

Da Redação com Contraf-CUT