Com proteção de habeas corpus, ex-ministro Pazuello enfrenta a CPI da Covid. Acompanhe

General Eduardo Pazuello é o terceiro ministro da Saúde de Bolsonaro a depor na CPI. Depoimento será mais um passo para atestar a responsabilidade de Bolsonaro nos erros de condução da pandemia

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O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello depõe na CPI da Covid no Senado hoje a partir das 9h. Pazuello é o terceiro titular da pasta no governo de Jair Bolsonaro a prestar esclarecimento sobre a condução da pandemia pelo governo. Ele será questionado sobre sua conduta no governo durante os dez meses em que esteve à frente do ministério. Pazuello deve responder sobre temas como postura governamental, isolamento social, vacinação, colapso em Manaus e omissão de dados.

Inicialmente, o ex-ministro seria ouvido no dia 5 de maio, mas um dia antes o Comando do Exército informou à CPI que o ex-ministro, general da ativa, estava em quarentena após ter tido contato com duas pessoas com covid-19.

No documento enviado por Pazuello e encaminhado pelo Comando do Exército à CPI, o ex-ministro afirmou que poderia manter a data da audiência, com sua participação ocorrendo de forma remota, ou o depoimento poderia ser adiado. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), optou pelo adiamento.

Na última sexta-feira (14), Pazuello obteve habeas corpus no STF para ficar em silêncio na CPI, com o objetivo de não produzir provas contra si. Porém, ele deverá responder sobre fatos relacionados a terceiros.

“Se adotar a estratégia do silêncio ou das meias-palavras na CPI da Covid, o general Eduardo Pazuello passará a bola, inevitavelmente, para o presidente Jair Bolsonaro. O gesto do ex-ministro da Saúde de não colaborar com a comissão e não falar pode ser interpretado, sob certo ângulo, também como postura de alguém que rejeita defender o presidente”, afirma o Estadão em análise publicada nesta quarta-feira. “Nesse caso, o oficial da ativa se comportará em benefício de sua própria sobrevivência e não em prol de um governo.”

‘Um manda, outro obedece’

O jornal também lembra uma live de Pazuello, de outubro de 2020, ao lado do presidente Bolsonaro. Na ocasião, o então ministro disse que a relação com o presidente Bolsonaro era simples: “um manda, o outro obedece”. “Era uma reação à atitude do presidente de desautorizá-lo ao mandar cancelar a compra de doses da Coronavac. A frase, que entrou para o anedotário, é o que pode agora salvar o general. Ele tem um álibi: o presidente”, afirma o Estadão.

Nesta quarta-feira, o ex-ministro Pazuello também estará em evidência no Tribunal de Contas da União (TCU). “Os ministros do tribunal retomam julgamento de autoria que já sinalizou ‘omissões graves’ da gestão Pazuello no combate à pandemia. O relatório conta hoje com o apoio de quatro ministros. Eles tentam convencer mais um para que seja aprovado”, afirma o Estadão.

“O relatório técnico em análise pelos ministros da Corte de Contas traz o mais duro diagnóstico acerca do trabalho do aliado do presidente Jair Bolsonaro à frente da pasta incumbida de liderar o enfrentamento à doença que matou mais de 437 mil pessoas no Brasil”, diz o jornal. O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a classificar o documento como um bom “roteiro” para a comissão.

Fonte: Rede Brasil Atual com informações da Agência Senado e do Estadão