Artigo: A importância de uma estatal

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Antonio Eustáquio Ribeiro*

Por mais contraditório que possa parecer, o fracasso do suposto “megaleilão” de privatização do pré-sal (nas palavras do governo foi “um sucesso”), ocorrido em 6 de novembro, foi um sucesso para o país e demonstrou como é importante a um Estado ter empresas estatais fortes, no caso específico, ao Brasil, ter a Petrobrás.

Mais contraditório ainda é aferir que o “sucesso”, nas palavras do governo, do leilão, decorreu da determinação de um ministro e de um presidente, absolutamente contrários a estatais, de que este sucesso deveria ocorrer custe o que custasse.

Explicando: certamente o desejo de Bolsonaro e principalmente de Paulo Guedes –  economista ultraortodoxo e ultraliberal um dos responsáveis ainda nos anos 1980 de fazer do Chile o laboratório do ultraliberalismo da Escola de Chicago, cujo resultado mais visível pode ser hoje visto com a situação política do Chile – seria o de que haveria uma enxurrada de empresas privadas interessadas no leilão. Porém, o que se viu foi a ação de uma estatal brasileira, a Petrobrás, odiada por Paulo Guedes, arrematar as áreas de exploração, para que o leilão fosse o “sucesso” alardeado pelo governo.

Daí depreende-se que, não fosse a ação do Estado, o leilão teria fracassado, ou seja, os antiestatais se utilizaram de uma estatal para dar cara de sucesso a uma ação privatista. E, para completar o desgosto do governo, o sócio minoritário da empreitada “vencida” pela Petrobrás foi uma estatal chinesa, dos comunistas odiados por Bolsonaro e família. Suprema ironia.

Ao fim e ao cabo, a sociedade brasileira pode comemorar o sucesso do megaleilão, pois, em que pese a tentativa de liquidação do maior patrimônio brasileiro hoje, o pré-sal, esta riqueza que a todos deve servir, continuará nas mãos de brasileiros, embora com menos dinheiro derivados deste pré-sal indo para saúde e educação do povo por obra e graça do golpe que mutilou a democracia brasileira em 2016, golpe justamente feito com o intuito de entregar nossas riquezas à sanha neoliberal.

*Antonio Eustáquio Ribeiro é diretor da Federação Centro Norte (Fetec-CUT/CN) e mestrando em políticas públicas