Análise do Dieese aponta que o emprego no setor bancário tem saldo negativo de mais de 13 mil postos nos últimos 12 meses

0

Análise do emprego no setor bancário, feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base no novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), aponta o fechamento de 12.662 postos de trabalho, nos últimos 12 meses, e durante a pandemia o saldo está negativo em mais de 13 mil postos. Houve um saldo positivo apenas nos meses de janeiro, fevereiro, março e maio de 2020.

Considerando o acumulado entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2021, verifica-se que os piores saldos foram registrados nos estados de São Paulo (-3.285), no Rio Grande do Sul (-1.807) e no Rio de Janeiro (-1.594), conforme consta no gráfico 4. Apenas os estados do Acre e Pará apresentaram resultados positivos.

A análise por Setor de Atividade Econômica revela que os “bancos múltiplos com carteira comercial”, categoria que engloba bancos como Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, foi responsável pelo fechamento de 11.400 postos de trabalho nos últimos 12 meses. A Caixa registrou fechamento de 1.819 postos no mesmo período. O saldo para o início do ano de 2021, segue negativo em 738 empregos e no mês de fevereiro, última informação disponível, negativo em 544 vagas.

O saldo dos últimos 12 meses é resultado de 17.952 admissões contra 31.023 desligamentos. Dentre as admissões, 85,9% trata-se de reemprego, ou seja, um novo emprego para um trabalhador já integrante do mercado de trabalho formal. No que tange às demissões, 53,3% foram desligamentos sem justa causa.

Os desligamentos por morte chamam atenção, especialmente, quando comparados com período anterior ao da pandemia. Os números para o conjunto do mercado de trabalho vão de encontro a trajetória de avanço das mortes ocasionadas pela covid-19.

Comparando o primeiro bimestre, o número de desligamentos por morte no país cresceu 33%. Para a categoria bancária, nos dois primeiros meses de 2020, o número de desligamentos por morte foi de 28 trabalhadores contra 70, no mesmo período de 2021, isto é, 42 vidas a mais perdidas. Embora não exista o registro da causa da morte, pondera-se o considerável aumento em relação à média entre janeiro e março de 2020 de 17 desligamentos por morte/mês. O fato é que a falta de informações específicas sobre a contaminação na categoria, dificulta uma análise mais precisa.

Faixa etária e gênero

De acordo com o Dieese, em relação a distribuição de gênero, nota-se maior saldo negativo entre as mulheres. No acumulado dos últimos 12 meses, o saldo negativo entre os homens foi de 5.464 postos, já entre as mulheres foi de 7.607 postos de emprego.

A abertura dos postos bancários concentrou-se nas faixas entre 17 e 24 anos, com criação de 2.765 vagas. Acima de 25 anos, todas as faixas apresentaram saldo negativo, com destaque para a faixa de 50 a 64 anos, com fechamento de 6.234 postos.

Conforme salienta o Dieese, utilizando os novos parâmetros para cálculo do salário médio, observa-se que, de forma geral, em fevereiro de 2021, o salário mensal médio de um bancário admitido é de R$ 4.880,38, enquanto que o do desligado é de R$ 5.617,97, ou seja, o salário médio do admitido corresponde à 86,9% do desligado.

Novo Caged

O Dieese também esclarece que, em janeiro de 2020, a forma de captação dos dados mensais do emprego formal foi alterada. A partir deste período, a prestação de informações pelo empregador no sistema Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi substituída pelo Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial).

Durante a fase de transição, contudo, observou-se a falta da prestação das informações de desligamentos e, para viabilizar a divulgação das estatísticas, foi feita a imputação de dados de outras fontes de informação. O Novo Caged, portanto, é resultado da geração das estatísticas do emprego formal por meio de informações captadas dos sistemas eSocial, Caged e Empregador Web (do Seguro-Desemprego).

PEB-Abril-2021-no1