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13 de Maio de 2025 às 15:35

Sindicato lamenta morte de Pepe Mujica, ex-presidente do Uruguai

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O Sindicato dos Bancários de Brasília lamenta o falecimento de José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai e ícone da esquerda latino-americana, ocorrido nesta terça-feira (13), aos 89 anos, em Montevidéu, após uma prolongada batalha contra um câncer de esôfago que se espalhou para outros órgãos. Reconhecido mundialmente como o “presidente mais pobre do mundo” por sua vida austera e coerente, Mujica transformou sua experiência como guerrilheiro tupamaro e prisioneiro político em um legado de conciliação, políticas progressistas e defesa dos mais vulneráveis.

Sua morte gerou homenagens de chefes de Estado de diversos continentes e emocionou povos que viam em sua trajetória um exemplo de integridade e compromisso social. O Uruguai, país vizinho do Brasil ao norte, compartilha com o país laços históricos, culturais e políticos que reforçam a importância regional do legado de Mujica.

José Alberto “Pepe” Mujica Cordano nasceu em 20 de maio de 1935, em Montevidéu, em uma família de pequenos proprietários rurais. Nos anos 1960, ingressou nas Forças Armadas Revolucionárias 26 de Março, conhecidas como tupamaros, um movimento guerrilheiro de inspiração marxista que recusava a exclusão social e lutava contra a ditadura de facto uruguaia. Em 1972, foi capturado e passou 12 anos preso pela junta militar, grande parte desse tempo em condições degradantes, em um cárcere subterrâneo de cerca de um metro quadrado. Libertado pela anistia de 1985, participou da reestruturação do movimento de esquerda que culminou na formação da coalizão Frente Ampla.

Em 2009, Mujica foi eleito presidente pelo Frente Ampla, assumindo o cargo em março de 2010. Sua vitória representou a consolidação da esquerda uruguaia após décadas de alternância política.

Reformas sociais e Direitos Humanos

  • Legalização da maconha: Sob sua gestão, o Uruguai tornou-se o primeiro país do mundo a regulamentar a produção, distribuição e venda de cannabis para uso recreativo, como estratégia de saúde pública e combate ao tráfico.
  • Matrimônio igualitário: Em 2013, promulgou a lei que permitiu o casamento entre pessoas do mesmo sexo, ampliando direitos civis e consolidando o Uruguai como referência regional em igualdade.
  • Aborto legal: Em 2012, o parlamento aprovou a descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação, colocando o Uruguai à frente de muitos países da América Latina em saúde reprodutiva.

Conhecido por sua austeridade, Mujica doava cerca de 90% de sua modesta remuneração presidencial a programas sociais e vivia em sua pequena fazenda, recusando o Palácio Presidencial. Frequentemente, recebia dignitários e repórteres sentado em sua carroça ou no chão, reforçando sua imagem de simplicidade e proximidade com o povo.

Casado desde 2005 com a ex-senadora e ex-tupamara Lucía Topolansky, Mujica era conhecido por seu humor seco, discursos carregados de metáforas e defesa do “consumo responsável”. Admirado por sua leitura de poetas e pela paixão por flores — ele cultivava rosas em sua propriedade —, via a política como “arte de conviver” e pregava a importância de reduzir as necessidades materiais para alcançar a felicidade.

A notícia de sua morte provocou uma enxurrada de homenagens: o presidente uruguaio Yamandú Orsi o definiu como “presidente, ativista, guia e líder”; líderes como Evo Morales, Gustavo Petro e Pedro Sánchez ressaltaram seu papel inspirador na luta por justiça social. Organizações de direitos humanos e intelectuais de todo o mundo lamentaram a partida de um homem cuja trajetória uniu resistência e governança progressista.

No dia 16 de dezembro de 2024, em Brasília, ocorreu o lançamento do livro 'Palavras para depois: conversas com Pepe Mujica' e a primeira exibição do documentário 'Conversas com Mujica', organizado pelo Sindicato dos Bancários de Brasília, em homenagem à vida e às ideias de Mujica. Confira:

https://www.youtube.com/live/4irTnfo0n1E

Pepe Mujica deixa um legado raro de coerência entre vida e política, mostrando que é possível governar com simplicidade e audácia intelectual ao mesmo tempo. Sua morte não encerra suas ideias: espalhadas em discursos, entrevistas e o exemplo de vida, continuarão a influenciar movimentos sociais e governantes que buscam equilibrar igualdade, liberdade e sustentabilidade.

Da Redação

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