Em meio às transformações do mundo do trabalho — digitalização, transição demográfica e ecológica — o movimento sindical brasileiro tem buscado ampliar sua agenda para além das reivindicações tradicionais. Durante a 17° Plenária DIstrital da CUT-DF, sindicalistas defenderam a incorporação de pautas de cidadania, combate à discriminação e qualidade de vida, no entendimento de que problemas sociais como violência doméstica, identidades e segmentos populacionais afetam diretamente a vida dos trabalhadores.
Adriana Marcolino, diretora técnica do Dieese, afirmou que as desigualdades no mercado de trabalho são reflexo das mudanças estruturais. Ela explicou que segmentos historicamente discriminados — negros, mulheres, jovens, pessoas idosas, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência — concentram maior desemprego, informalidade e menor renda.
Para Maria Isabel da Silva, ex-dirigente da CUT, a negociação coletiva é um espaço estratégico para avançar em direitos, com propostas para ampliar cláusulas que promovam combate ao racismo, equidade de gênero, inclusão de juventude, LGBTQIAPN+ e pessoas com deficiência. Atualmente, entretanto, essas cláusulas representam apenas 5% dos acordos existentes, o que revela a necessidade de ampliar esse tipo de debate nas mesas de negociação.
“Os sindicatos devem estar presentes e qualificados para atuar em conselhos de políticas públicas (saúde, raça, mulher, criança e adolescente, meio ambiente) para garantir a implementação de políticas e fiscalizar o Estado”, afirmou Maria Isabel.
Para a militante, a luta por direitos iguais não fragmenta a classe trabalhadora, mas fortalece a organização ao assegurar empregos de qualidade para todos. “Cuidar do trabalhador de forma integral envolve enfrentar violências, garantir creches, saneamento, transporte e, olhar para as desigualdades presentes nas periferias”, disse.
Maria Isabel fez ainda um apelo à reflexão sobre as próprias ações dos sindicatos e de seus dirigentes, a necessidade de formação contínua e a importância de uma luta organizada pela regulação das plataformas digitais e pela democratização da comunicação, integrando essas pautas à responsabilidade social sindical de forma plena.
Papel estratégico
“A ascensão das plataformas digitais trouxe desafios como discurso de ódio, desinformação e violação de direitos humanos. A regulação das plataformas digitais é necessária para competir com os modelos de negócios globais que privilegiam o engajamento de conteúdos polêmicos em detrimento da informação de qualidade. Liberdade de expressão não é absoluta e deve coexistir com dignidade, igualdade e não discriminação”, explicou a jornalista e militante do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, FNDC, Bia Barbosa.
Bia afirmou ainda que a comunicação deve ser encarada como pauta estratégica da classe trabalhadora e que defender a pluralidade, a diversidade e regras democráticas para as plataformas é parte da luta pelos direitos humanos.
Fonte: CUT-DF
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